quarta-feira, novembro 22, 2006

Modalogia

" A moda verão 06/07 desse ano (sic) vai ser repleta de brilho, especialmente o prata."

Essa foi a frase de um estilista brasileiro que eu devo ter visto ou lido em algum canto, mas isso pouco importa. Soou para mim como as previsões da moça do tempo: "No nordeste, a temperatura sobe, mas uma corrente vinda do sul fará com que haja pancadas de chuva durante a tarde".

Os metereologistas tem como prever isso. Eles tem como dizer que o verão 06/07 desse ano será quente pra caramba, que vai chover um bocado e que a gente se prepare, porque o verão 07/08 do ano que vem será ainda pior. Existe algo para medir o clima, as correntes de ar e outras presepadas metereológicas, mas moda?!?

Ninguém "mede" a moda, quem a inventa (se bem que hoje em dia não se inventa mais nada, só se copia) são os próprios estilistas. Eles se sentam numa mesa, no meio de um furacão de tecidos, modelagens, estampas e o escambáu, pensam no que é que faz tempo que não aparece nas passarelas, fazem uma "releitura" e saem nos jornais, revistas de moda, tv e internet dizendo:

"Olha, a tendência do verão XX/YY desse ano é essa, benhê."

Como se tivessem usado algum aparelhinho miraculoso pra saber o que todas as pessoas querem usar no verão ou inverno.

Pra mim, os principais estilistas e donos de grife do mundo se reúnem uma vez por ano numa ilha remota e debatem tudo o que vão lançar. Decidem lançar uma moda retrô-anos-50 no outono, se dividem entre babados vitorianos e estilo militar no inverno, resolvem que a primavera vai ser retrô de novo, só que anos 60 e 70 dessa vez e no verão, tecidos leves e brilho, "principalmente prata".

Pronto! A moda 2006 está feita! A essa altura, eles devem estar se reunindo pra ver como é que eles vão fazer com que nós gastemos mais dinheiro numa moda totalmente diferente. Será que vamos resgatar pessas do armário de nossas mães ou de nossas avós, dessa vez?

Talvez nos façam gastar nosso dinheiro com academia. Tô vendo a hora de pararem de produzir qualquer coisa com numeração maior do que 38.


domingo, novembro 19, 2006

Sobre bebês e cachorros

Cachorro e bebê, o bom é o dos outros.

Cachorro dos outros não dá trabalho, não urina no chão do seu quarto, você não precisa alimentar, dar água ou pagar pet shop pra cuidar do bicho enquanto você viaja. Cachorro dos outros chega, faz uma graça, chama atenção e você fica ali dizendo como é bonito, como é esperto, brinca um pouquinho com o bicho, faz um carinho e quando ele começa a aperrear, o anfitrião leva o animal embora.

Quer coisa melhor? Só as vantagens, nenhum dos aperreios! Nenhuma conta de veterinário ou pet shop, nada de ficar checando a data das vacinas ou ficar aperreado porque o bicho espirrou e pode estar doente. Cachorro dos outros não come os seus sapatos, não rouba seu sanduíche, não baba sua calça nova e não fica chorando porque não pode dormir no seu quarto.

Bebê é mais ou menos a mesma coisa. Bebês são aquelas coisinhas lindas e meigas, descobrindo o mundo, aprendendo a andar e rindo porque alguém fez "bilu-bilu".

No entanto, bebês choram. Bebês pedem comida a cada 3 horas. Bebês não tem como se comunicar com o mundo a não ser rindo, chorando ou enfiando algo na boca, pra ver o que é. Bebês têm essa mania horrível de conhecer o mundo com a boca, o que deixa os pais bastante preocupados.

Bebês precisam de cuidados especiais, precisam de atenção "24/7"*, precisam de babás de vez em quando e crescem numa velocidade vertiginosa, a cada mês precisam de roupas novas, porque as antigas já não cabem.

Bebês e cachorros são umas gracinhas, mas cuidar deles "é peso".


* "twenty-four, seven", quer dizer 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Que bonitinhos... Até parece que sempre são esses anjinhos!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Beringela

A culpa é dos indianos.

Claro, algo de bom eles fizeram. Uma cultura misteriosa, sobre a qual vale a pena ter algum conhecimento, sedas, molho curry... Mas tinham que "inventar" a beringela?

A Wikipédia me disse que a maldita é da mesma família da batata e do tomate, mas eu me recuso a acreditar. Batata é bom. Tomate é bom. Ambos são gostosos e um não tem nada a ver com o outro.

Veja bem: batata é um tubérculo; dependendo do tipo de batata, é um caule ou uma raiz. A batata-doce não tem nada a ver com a batatinha nossa de cada dia, então ela não está inclusa nos SEIS espécies diferentes de batatas existentes. E agradeça aos peruanos por essa maravilha, que salvou um país inteiro da Peste Negra, dá muito dinheiro aos fast-foods e alimenta uma penca de gente há 7.000 anos.

Tomate é fruta. Não importa se está na salada, e não no fruteiro, junto com as maçãs, bananas e laranjas. É fruta do mesmo jeito. Uma fruta meio estranha, esse tomate, pra falar a verdade. Duvido que alguém vá fazer o lanchinho da tarde e pegue um tomate ao invés de uma maçã e o leve diretamente para a boca. E por mais que suco de tomate exista, ele é salgado, e não doce.

Mas voltando à beringela, a Wikipédia ainda me disse que ela é parente do pimentão. Também acho difícil, mas talvez sejam mais próximos do que o tomate ou a batata. Se bem que a culpa pelo pimentão não é dos indianos, é dos mexicanos.

Parente ou não parente, beringela é ruim. Beringela não apenas é ruim como cheira mal. E eu acredito que ela não seja ruim só de gosto, ela tem uma personalidade malévola. Dê espaço a elas e elas se juntam às vacas e à TimesWarner e dominam o mundo!

Aí me diz: pra que diabos os indianos inventaram isso? Porque acharam a planta bonitinha. Imagina! Foram cultivar a beringela como planta ornamental. Aí descobriram que dava pra comer e lascou tudo! Inventaram de fazer pratos com beringela, passaram a seduzir as pessoas, dizendo que aquilo era bom, criaram um tipo de propaganda que os nazistas usaram mais tarde e BUM! O mundo passou a acreditar na beringela, com sua cara de alienígena, e no seu sabor.

Aí o que acontece? Hoje em dia se faz beringela grelhada, assada, com carne, recheada... Até com chocolate! Nem o chocolate foi páreo para a beringela! Assim, elas foram dominando o mundo, de forma mais sutil que todo o resto. Daqui a pouco o mundo será governado por elas, aí quero ver!

Não queria contar, mas os indianos não chegaram sozinhos à conclusão de que seria bom divulgar a beringela. A idéia foi delas. mas eles não estão redimidos da culpa. Ninguém mandou que eles plnatassem beringela por tudo que é lado!


Eca!!!

segunda-feira, novembro 13, 2006

Invasão

Aula num colégio particular, logo após o intervalo. O professor sem graça fala sobre um assunto sem nexo para um bando de alunos sem interesse, que prontamente ignoram o pobre homem a sua frente.

Para azar desse e dos outros professores, bem como a coordenação, há uma queda de energia, deixando as salas de aula sem luz ou ar-condicionado. A gritaria começa e os alunos se esparramam pelos corredores protestando contra a possibilidade de assistir aula numa sala quente, mais do que felizes pela desculpa que o acidente lhes ofereceu para que corressem, gritassem e enlouquecessem aqueles que, supostamente, são responsáveis pelos alunos dentro de um colégio.

Após quase uma hora, os inspetores e coordenadores conseguiram colocar a maior parte dos alunos para dentro de sala. Abriram as janelas e a aula prosseguiu, não do mesmo professor chato, mas de outro; que não deixava o primeiro para trás em matéria de assunto tedioso.

De uma das janelas surgiu uma borboleta de asas azuis e amarelas. Uma garota no fundo da sala notou a entrada do inseto e passou a observá-lo. Daqui a pouco entram mais algumas e em poucos minutos são cinco passeando pela sala e indo em direção a porta, como se quisessem visitar o colégio. Não bastassem borboletas, pássaros resolveram que aquela instituição era um lugar muito legal de se conhecer. Vieram aos montes! Aglomeravam-se no teto e faziam um barulho desgraçado, todos piando ao mesmo tempo. Umas duas abelhinhas curiosas acabaram sendo arrastadas por eles e, no meio da confusão, atacaram o professor! Horrorizado com toda a confusão e com a dor de ser ferroado na testa e na bochecha, pouco abaixo do olho esquerdo, saiu gritando pelos corredores!

Os pássaros se manifestaram aumentando o barulho, sujando as salas, seguindo para as outras, bloqueando a visão das pessoas e espalhando penas por aí! As borboletas eram muito sensíveis para essa bagunça toda e foram embora o mais rápido possível!

Lá embaixo, elas observavam tudo. Esperavam pacientemente que o caos se instalasse e as pessoas estivessem atordoadas, sem saber o que pensar. Escalaram as janelas e invadiram as salas. A medida que entraram, expulsaram os pássaros, fecharam as janelas e renderam todos.

Aquilo era um protesto, explicava a vaca comandante de toda a invasão, contra os fazendeiros e ordenhadores, pelos abusos que cometiam contra esses pobres mamíferos! Quem se mexesse, levava leite na cara!

Mais uma vez soa o toque, ecoando naquele silêncio. A menina acorda. Hora de ir para casa. O professor guarda suas coisas calmamente enquanto a turba de alunos corre ao seu redor. A borboleta continua pousada tranqüilamente no parapeito da janela.

domingo, novembro 12, 2006

Na Terapia

- Reconheço que tenho um problema, doutor.

- Humhum.

"Aleluia!” Pensa o pobre coitado do psicólogo. Há dois anos aquele jovem o visitava semanalmente, por imposição da mãe, e jamais admitiu ter qualquer problema. Finalmente iria dizer que era excessivamente tímido e introvertido, tinha problemas com sua altura, dificuldade para se comunicar com os outros e conflitos com o pai.

- Vacas.

- Como?

- Estou obcecado pelas vacas!

- Como assim? Que tipo de vaca?

- Todo tipo de vaca! Malhadas, leiteiras, com chifres, sem chifres, gordas, magras... Até vacas de desenho animado!

-Prossiga.

O terapeuta esperava outra confissão do garoto, é verdade. Mas se ele estava a fim de falar sobre vacas, que falasse. Quem sabe isso não revelaria algo a mais sobre ele? Talvez tivesse algum trauma de infância.

- Há mais de um mês sonho com elas. Às vezes é uma coisa simples: as vacas pastando em colinas verdes, mugindo, os bezerrinhos mamando. Já sonhei com vacas pulando cerca, como se fossem ovelhas. Vacas vestidas, indo trabalhar.

- Certo. Me conte com calma, não precisa se exaltar.

- Ontem sonhei com vacas carnívoras, que comiam carne de humanos. Os humanos eram o gado, entende? E as vacas dominavam o mundo.

- Você vê essas vacas só em sonhos?

- É. Não. Bom, encontrei uma vaca na rua, ontem. Era uma vaca comum, tava pastando num dos terrenos baldios, perto da minha casa. Você sabe, eu moro num bairro distante, pouco povoado...

- Qual a impressão que a vaca lhe causou?

- Ela falou comigo, doutor! – O paciente estava de olhos arregalados, como se tivesse acabado de ouvir a vaca falar. – Ela disse que nosso fim está próximo e que hoje elas vão explodir o empresarial mais importante da cidade!

O empresarial, óbvio, era aquele onde se encontrava o consultório.

O psicólogo estava preocupado com o garoto. Iria encaminhá-lo a um psiquiatra e pedir exames de sangue e urina, para ter certeza de que ele não estava usando alucinógenos.

Antes que pudesse dirigir novamente a palavra ao seu paciente, o jovem transtornado saltou da cadeira, gritando, e correu para fora do consultório. Iria tentar alcançar a segurança das ruas pela escadaria de incêndio.

Quem olhasse pelas janelas voltadas para o leste, poderia ver vacas saltando de pára-quedas, com granadas nas patas, que elas atiravam para dentro do edifício, quebrando as vidraças.

sábado, novembro 11, 2006

Finados 2006 - Parte Final

E inicia-se o domingo! O sol brilha, os pássaros cantam, os Smurfs saem de suas tocas cantando músicas toscas... ahm, ok, isso ainda é produto do meu sono.

Que tipo de gente acorda cedo no domingo? Eu, claro. Que tipo de gente acorda cedo pra pegar um ônibus pra Epitácio, pegar outro para Intermares, e não é para curtir um sol, e sim para preparar um seminário? Eu, claro.


Acordo, tomo um banho, como um pão assado com água, tomo minha colherada de mel (minha garganta pela manhã é inútil, principalmente aos domingos. Acho que ela também quer descansar) e segui para o ponto de ônibus. Não antes de passar protetor solar no rosto, graças a um pressentimento sobrenatural que apoderou-se de mim. Algo me dizia que eu iria precisar disso. Claro, peguei os óculos escuros emprestados do meu irmão, esquecendo, por um momento, que eu sou míope. Dez minutos, Vinte minutos... Ahn, eu acho que aquilo é o Geisel-Epitácio... ah, é sim.

E lá estou eu, num belo domingo ensolarado, na Epitácio Pessoa, de óculos escuros sem grau. E isso quase me fez perder o ônibus, mas isso são detalhes. Subi, fui assaltada pelo cobrador (R$ 1,60 por uma viagem para uma cidade satélite é um assalto) e me sentei. Meu ponto de referência? Primeira parada depois do antigo Water Park.

Impossível perder a parada, oras. Só passar as ruínas do Water Park. E o caminho se segue, fazendo turismo pela orla de João Pessoa, Bessa, e adjacências. Bem, eu acho que isso daqui é Intermares. Ah, sim, é. Quando os bares e cabeleireiros começam a ter nomes como "Intermares Bar", ou "Intermares Hair", eu sei que estou em intermares.

E vai seguindo, seguindo, e nada de achar aqueles toboáguas abandonados. Que coisa mais idiota fazer um parque aquático numa cidade litorânea! É quase como ter piscina numa casa de praia. Afinal, com um mar ENORME na sua frente, tomar banho de piscina é a coisa mais esdrúxula que existe. Até que o ônibus faz uma curva, rumando para a infame BR. Moço, eu passei demais da parada do Water Park? Ah, passei, foi? Tá, brigada...

Acho idiota o sistema de ônibus de Cabedelo. A saída é na parte de trás do ônibus, de modo que você anda contra o sentido do ônibus. Eu quase caí pelo menos umas duas vezes. Mas bem, desci, e gastei meus parcos créditos. Germana, querida, estou perdida. Em algum lugar do Poço, é. Ah, vou ter que ir voltando, é? Tá bom...

E voltei. Sobre areias avermelhadas e sob um sol capaz de fritar um ovo na minha cabeça, eu voltei. E foram os 30 minutos de caminhada mais demorados da minha vida. Suada, fedendo, irritada e cega diante de tanta luz, cheguei na casa dela. A dona da casa acabava de sair do banho, depois de uma bela noite de sono, e foi tomar café. Tomei café pela segunda vez, me re-hidratei, e perguntei da outra menina do grupo.

- Shuane? Não chegou ainda não...

E veja a hora que ela me chega: 10:40. Feliz, não? Paciência, paciência. Caraca, que piscina atraente. Ah, se eu tivesse trazido um biquíni... agora eu entendo porque as pessoas têm piscina mesmo morando a 20m da praia. Preguiça.

- Bem, Germana não leu o assunto porque ela não tinha. Lesse, Shuane?
- Li não, não vou mentir...

Aquilo realmente me irritou. Já não basta a pilantra (usando um termo alheio, com a devida não-autorização) se escorar em mim o curso inteiro, eu vou ter que fazer a porcaria do seminário sozinha? É, tudo bem, é nisso que dá ser otária. Relaxe, relaxe, conte até 10... até 20... até 29. Tá bom. Acalmou? Ótimo. Vamos cuidar do seminário.

E até às 18:40, ficamos sentadas, diante do computador, conversando mais besteira que fazendo o seminário. Almoçei um macarrão-chiclete, com mais catchup e queijo ralado que macarrão (como eu odeio macarrão), e um refresco muito ruim, que deveria ser de guaraná. Normal, normal. Ninguém faz almoço dia de domingo, quando os pais não estão em casa. Agora eu vejo uma utilidade maior para a piscina numa casa a 30 metros da praia: afogar colegas de turma.

A tarde se passa, mais falação de besteira, mais cansaço, e eu realmente estava me sentindo uma porca. Findo o trabalho, inicia-se a volta para casa. Eu tinha algo marcado para esse domingo, não tinha? Tinha sim, o que era...? Ah, claro. Um rodízio de pizza. Com uns amigos do Cefet, onde cursei o Ensino Médio. É, eu mal tenho dinheiro pra passagem, quanto mais prum rodízio? E eu não vou entrar na pizzaria de regata fedorenta, chinela havaiana que um dia foi branca, e a bolsa pesada como estava. Fui pra casa, tomei um banho e me senti como se tivesse passado o dia na praia: completamente ardida.

Advinhem? Ainda guardo o bronzeado da minha regata. =D

E aqui se findam minhas desventuras no feriado de Finados.

Vou ver se até amanhã posto um texto decente, só pra tirar essa tosqueira. =D

A Vaca

- Tio! Você sabe desenhar bicho?

- Sei.

- Qualquer bicho?

- Qualquer bicho. Você quer que eu desenhe um pra você?

- Quero! Desenha uma vaca!

- Certo.

O tio esperava que a menina pedisse um gatinho, borboleta, coelhinho; essas coisinhas fofinhas que menininhas sempre pedem. De qualquer modo, que mal haveria em desenhar uma vaca?

- Amarela. E com a barriga rosa. E não uma vaca de verdade, desenha ela em pé, com os braços abertos.

E ele começou a desenhar a vaca para sua sobrinha. Quis fazer no estilo de desenho animado, porém a menina protestou. Não queria uma vaca de verdade, mas também não queria que fosse tão de mentira assim.

- E esse nariz?

- O que tem o nariz?

- Faz mais redondo. Assim, como uma tomada. E o chifre tá muito grande!

- Então você quer um focinho de porco numa vaca mocha?

- O que quer dizer mocha, tio?

- Que não tem chifres. Vou diminuir o dela, tá bom? Tem certeza quanto ao nariz?

- Daqui a pouco eu vejo isso. Faz um óculos desses de motorista de avião!

- Um óculos de piloto de avião. Na vaca.

- É! Nos olhos dela!

O tio se surpreendera com a fertilidade da imaginação de sua sobrinha. Mas se ela queria uma vaca amarela e rosa, mocha, com fuça de porco e óculos de aviador, por que não?

- Agora desenha a mochila, tio!

- Que mochila?

- A do pára-quedas, né? Ela tá no céu!

- Mochila do pára-quedas!?! ...

- É, essa vaca não voa, só a do desenho animado que passa da tv é que sabe. Faz o pára-quedas aberto, senão ela se esborracha.

Cega a vaca não ficaria, afinal já tinha os óculos! Ele riu da criatividade da menina! Quem sabe não a chamaria para ajudá-lo, quando precisasse ilustrar um livro infantil? E deu à vaca um pára-quedas vermelho.

- Mas... vermelho? Não combina com os óculos!

- Ah, não?

- Não! Os óculos são azuis!

- Você não acha que, com os óculos azuis, o pára-quedas azul e o céu azul, vai ficar tudo azul demais?

- Mas o céu não é azul.

- Não?!

- Não. Ela tá saltando ao pôr-do-sol; tem que ser rosa. E laranja; e vermelho; e lilás!

- E a barriga da vaca?

- É rosa clarinho, feito cor de pele.

- Certo. Mais alguma coisa?

- O nariz! Faz ele redondo, mas sem ser de porco. Porco é feio.

- Então tá. Aqui está a sua vaca.

- Obrigada, tio!

E a menina sapecou um beijo na bochecha do tio e foi mostrar pra chata da irmã, apenas dois anos mais velha, que vacas pára-quedistas existiam sim, tá?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Uma Tarde Muito Comum

Uma garotinha ia andando pela rua, ao longo de um parque, num dia ensolarado. Ela tinha três balões numa mão, um ursinho de pelúcia na outra, choviam flores do céu e borboletas brilhavam em seus arbustos.

Lagartinhas dançavam o Cancã no gramado verde-limão e girassóis lilases aplaudiam.
Os cogumelos, que cresciam em abundância no verão, tinham um lado azul e um vermelho e cada lado transportava para um canto diferente. Você poderia ir para Zion ou para o País das Maravilhas.

Alice ainda era muito nova para conhecer o país estranho. De qualquer modo, o Chapeleiro ainda não era maluco e o ratinho do bule ainda não sabia recitar o poema da estrelinha, então não teria tanta graça.

Ela soltou seus balões, que foram esperá-la à sombra de uma árvore, e sentou-se para conversar com os homens-biscoito, muito confeitados com seus enfeites, que evitavam as poças de leite.
Um dos homens-biscoito colheu algumas das minúsculas flores que choviam e deu para o ursinho de Alice.

Aviões chamaram a atenção deles. Eram as vacas pára-quedistas, que realizariam piruetas no céu rosado do meio da tarde.

Quando elas começaram a cuspir fogos de artifício, como num show pirotécnico, eu acordei. Até para mim loucura tem limite.

Vacas

Recebi esse site por scrap no orkut de um amigo e mostrei pra outro no MSN. Ele achou divertido e tudo mais, mas não entendeu o real perigo da situação.

Resolvi instituir o Fim-de-Semana das Vacas, somente para abrir os olhos dessas criaturas desatentas.

Vocês que moram em bairros "civilizados" têm sorte, não precisam topar com essas criaturas quase todo dia. Se toparem... sorriam e façam cara de bonzinho. Garanta que elas o considerem um amigo. Nunca se sabe o que pode acontecer! =D

quinta-feira, novembro 09, 2006

Hoje eu vou apenas falar que por mais que o dia tenha sido cheio de acontecimentos nem um pouco planejados... o céu estava azul [eu amo céus azuis], o sol brilhou e as árvores estavam verdes...estou feliz porque tenho olhos que enxergam estas coisas.
Aquilo que era pra ter sido uma atividade jurídica se tornou um passeio com cheetos e cinema; não me arrependi. [talvez esta informação devesse ser secreta no momento]
Nem sempre as pessoas vão nos dar aquilo que esperamos...então, acho que é melhor não esperar né? "O que vier é lucro". ha!
Talvez o problema seja: projeto o que quero nos outros, mas- por que não- eu mesma fazer?? Eu mesma realizar o tal projeto? Eu mesma. [vou anotar isto e colar na minha geladeira]
Agora parece uma boa hora para me livrar da maldição do coelho de "wonderland"...e contar os tais 6 segredos...tudo caminhou para isto...hahahaha.
Eu espero demais.
Eu faço pouco.
Eu sou impaciente. [paradoxal isto, se comparado com o primeiro segredo]
Eu nunca estou satisfeita, sempre quero mais...bem mais.
Eu queria muitas vezes ficar presa num certo momento da minha vida.
E queria muitas vezes pular certos momentos. Mas Click [the film] comprova que pular momentos não dá em coisa boa.

As maldições??? Pra quem serão???
Vou poupar vocês, ok.

Ps. acho que estes escritos deveriam ter ficado no meu diário de debutante...

Finados 2006 - Parte II

E continuando a epopéia...

Segundo Aristóteles, toda grande epopéia deve ter um só argumento. O resto são episódios. Acho que a minha vida é uma série de episódios...

Segue a sexta-feira de manhã. Como qualquer pessoa em casa alheia, eu não consigo dormir até além das 8h. Não importa o quanto me esforce, não consigo. Talvez pelo meu sono leve, ou simplesmente pela idéia de estar na casa de alguém.

Na verdade, eu me acordei às 6:30h, às 7:10, às 7:50, às 8:10 e às 8:40. Daí eu cansei de tentar dormir e acordei Fernanda. Tomamos café (pãozinho do Hiperbompreço, me lembra a minha infância em Recife, de quando tínhamos dinheiro para fazer feira em hipermercados. Pão do Bompreço sempre me remete à infância. E mortadela da Turma da Mônica também), e então eu me lembrei que tinha estômago, e que ele estava um pouco enjoado. Depois fomos assistir TV, e tudo o que eu posso concluir é: ou os desenhos estão idiotas demais para crianças, ou as crianças estão emburrecendo a cada dia. Prefiro pensar que a primeira premissa é a verdadeira.

Daí tomei um banho, porque João Pessoa é, oficialmente, uma filial do inferno, e arrastei Fernanda comigo até a parada. Conversamos bobagens, e eu agradeci por estar de tênis, se não tinha afundado meu pé, minha calça e acho que até meu cérebro nas areias do Bessa. O ônibus não tardou a passar, nos despedimos e eu fiz ela assinar um contrato a sangue que ela me devia uma noite na minha casa. Tá, a parte do sangue era mentira, mas que ela me deve uma noitada regada a coca-cola, besteirol e outras coisas mais divertidas, ela me deve.

Desci na Epitácio, andei uns 600m que me pareceram 600km e passei na casa do meu namorado. Ele dormia um sono pesado, e eu confesso que invejo essa capacidade. Quem consegue dormir até meio-dia? -.- Falamos um pouco de besteira e ele foi me deixar em casa. Pelo menos não andei os 600km de volta à Epitácio! =D

Ok, chego em casa, não como nada, tomo um banho e caio na cama, para ficar pelo menos decente quando o meu namorado/ noivo/ quase-esposo/ ou sei lá mais o quê chegasse. E eis que meu irmão mais novo abre a porta, dizendo que vai sair - o que, quase que obrigatoriamente, me faz sair também. Minha mãe não gosta que eu receba pessoas do sexo masculino quando ela não está em casa, e como eu não sou lésbica, isso inclui meu consorte. Dirigi-lhe um gesto obsceno e fui desenhar, porque afinal, eu não ia conseguir dormir mesmo.

Cheguei no shopping com uma hora de atraso, graças ao meu amado irmão. Andamos um pouco, conversamos muita besteira, andamos mais um pouco, conversamos ainda mais besteira, e liga um colega nosso, dizendo que vai estar passando lá para nos levar ao Rockabillys (e uma das certezas da minha vida é que eu NUNCA vou aprender a escrever o nome dessa lanchonete). Bem, eu estava com pouca fome, mas topei. Não queria chegar em casa cedo mesmo.

A surpresa não foi esse colega se atrasar - foi ele chegar acompanhado do patrão. Nunca que eu ia ter a cara de pau de pedir ao meu patrão que ele fosse buscar meus amigos em qualquer lugar, mesmo que fosse caminho, e por mais simpático que ele fosse. Mas bem, acho que as minhas regras de etiqueta é que são inadequadas para o mundo moderno...

Fiquei lá, incrivelmente sem jeito, ouvindo eles falarem de notebooks, de clientes chatos, de lanchonetes, e de sei lá mais o quê. Estava cansada, as pernas doendo, e quase que dormi com o ar-condicionado do carro. Pelo menos o patrão dirigia infitamente melhor que o referido colega.

Fomos então para a casa dele, e eu, claro, quase que caio de cara no chão ao sair do carro. Normal, essas coisas sempre acontecem. Principalmente comigo. Encontro um outro amigo meu, de longa data, e sua respectiva namorada. Bem, eu ainda acho que a menina morre de ciúmes de mim, mas eu prefiro não pensar a respeito. Fomos muito educadas uma com a outra, com direito a dois beijinhos no rosto e tudo. Daí nos dirigimos à bendita lanchonete, e ainda hoje eu me surpreendo com a capacidade de que aqueles sanduíches têm que me deixarem empazinada. Chantageei uma carona até a Epitácio Pessoa e cheguei em casa relativamente rápido.

Tomei um banho, liguei o computador, chequei e-mail, entrei no MSN (um dos meus vícios) e ainda lezei um pouco. Depois, meu destino era um tanto óbvio: mergulhei nos braços de Morpheu e dormi que nem pedra.

O sábado foi um tédio, fiquei em casa estudando o tempo todo. Mas o domingo contou com as minhas aventuras na praia do Poço, não percam. :P

terça-feira, novembro 07, 2006

Ria de Mim... Ok, você sabe o resto.

Escolhi o título de um livro de auto-ajuda para o post de hoje. Não que esse post vá fazer com que sua vida melhore substancialmente ou que você passe a enchergar a luz no fim do túnel, o sentido de tudo, o motivo pelo qual está só e quem é a Morte.

Acordei às 7h00 da manhã. Um horário definitivamente incomum para alguém que não tem atividades durante a manhã e pode ficar dormindo até a hora do almoço, mas o fato é que eu tinha algo para fazer. Ou assim eu pensava.

Segundo o calendário divulgado no site da UFPB, essa é minha semana de matrícula. Outros feras de jornalismo iam fazer a matrícula hoje, às 9h00, então combinamos todos de nos encontrar, certo? Certo, na frente da coordenação do curso.

Lá vou eu, não-feliz, porque tava morrendo de calor, não-alegre (sono) e não-saltitante (já viu alguém saltitar num ônibus?). Troquei de ônibus e desci na Federal, no ponto certo dessa vez (diferente de todas as outras, nas quais desci um ponto antes). Cheguei na calçada e... caí. isso mesmo. Tropecei no ar e me esborrachei no chão. Me levantei, me limpei, fiquei menos enraivecida por não ter rasgado a saia e fui embora.

Já no DECOM me toco que não sei de um fator muito importante para que minha matrícula seja realizada: onde fica a coordenação do meu curso. Perguntei na cantina. A mulher vira pra mim e diz:

- Sabe esse corredor por onde você veio?

-Hum.

- Você volta nele mesmo e vai até o fim, a coordenação fica no último bloco.

E lá vou eu, para o último bloco, que no caso era o primeiro. Pelo menos tem sombra. Cheguei na coordenação do DECOM e dei de cara com a coordenação do departamento de artes, que me informa que eu devo entrar no corredor à direita e ir até o fim. Chego no que acho que é o fim, na coordenação de comunicação-sei-lá-o-quê e descubro que há uma sala além dela, que é a minha coordenação.

Ufa! Até que enfim! E aí? Posso fazer minhapré-matrícula? Ah, a data tava errada, é? Erro de digitação? Sei... E a pré-matrícula mesmo é em dezembro? Ok. Não, eu não tenho nenhum curso que possa compensar as cadeiras pra adiantar os períodos aqui. Até dezembro então, ok?

Já que eu estava na UFPB, o negócio era passear. Encontre com duas amigas (e um amigo, mais tarde), descobri onde é a melhor cantina, qual o melhor lugar pra tirar xérox e que sei o caminho pra Praça da Alegria. Mas isso deve ser o básico pra qualquer um que passa no vestibular.

Cheguei em casa tranqüila e calma, achei o programa que eu procurava e, depois do almoço, fui encontrar um amigo meu. A pedido do meu pai, ia ver uns carros num feirão e como sei tanto de carros como de futebol, chamei esse meu amigo, que pelo menos entende do assunto.

Cheguei no lugar marcado 20 min atrasada. Sem problemas, afinal não era muito tempo. Logo que entrei, constatei que a criatura ainda não se encontrava lá, o que me redimia do meu atraso, ele passava a ser o atrasado.

Pedi um sorvete, pra espantar o calor enquanto esperava. Um belo sunday de chocolate com farofa de castanha em cima, sabe? Eu andava doida pra comer castanha, vê se eu ia deixar passar a chance! Pedi meu sorvete, paguei e estava levando a bandeja pra mesa, com todo o cuidado do mundo. Não sei quem foi que disse que sou tão tão delicada quanto um mamute numa loja de cristais, mas isso não vem ao caso. Eu não vou discutir, vou tentar não fazer um desastre muito grande. Coloquei a bandeja na mesa. Nenhum acidente até aqui. Me sentei, aliviada e... o sorvete caiu, derramando toda a minha castanha moída.

Bom, menos colesterol, menos gorduras, menos calorias no meu sorvete. Claro que a melhor parte dele - e a mais saudável - foi embora, mas o dia não estava de todo perdido. Estava?

Sem problemas com os carros. Chega respirei aliviada. Daí em diante eu apenas machuquei meu pé e cheguei atrasada na dança. Contei minha odisséia para as minhas colegas e uma delas ficou impressionada por eu estar contando tão calma, com tão bom humor.

Claro que eu estava calma, imagina se eu fosse me estressar de verdade por cada uma dessas pequenas coisas? Na hora em que vi que acordei com o pé esquerdo, respirei fundo, botei "Smile" pra tocar e continuei. Uma hora o dia acaba que eu sei!!!


* (Morte é do sexo masculino, na verdade. E é basicamente uma criatura ossuda com um capuz, mas só um mago pode dizer isso com certeza, afinal só eles tem o direito de que Morte os venha buscar pessoalmente. Dizem por aí, também, que Ele comprou uma moto, mas não posso garantir a veracidade do fato.)

** (O livro se chama "Ria de Mim Antes que eu Ria de Você". Há o vol. 2 também: "Ria de Mim Antes que eu Ria Mais de Você" [ou será "... Antes que Eu Ria de Você Novamente"?]. Viu que fantástico?)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Finados 2006 - Uma Odisséia em João Pessoa

Ainda bem que eu não vou a cemitérios em dia de Finados - pelo menos por enquanto. Se bem que esse fim de semana quase que eu ia - para o meu enterro. E sim, isso é uma hipérbole. Ah, não sabe o que é uma hipérbole? Olhe no dicionário.

Começamos com a quinta-feira, como todo bom feriadão. Na verdade, todos sabem que o bom feriadão começa na segunda à noite, e você emenda a semana inteira. Claro, o meu feriado começa e termina na internet. Isso que dá não ter vida social. Mas voltemos à quinta-feira.

Acordo cedo, faço algumas coisas em casa, estudo um pouco, leio o meu saudável Castelo Falkesntein (ah, também não sabe o que é? Procure no Google!) e vou ajeitar minha pequena mala: por milagres de todos os deuses do Olimpo, eu vou dormir fora de casa! Não, ainda não é na casa do meu namorado, mas espero que em breve seja na minha casa. Em todo o caso, fui dormir na casa de uma amiga.

Separo as roupas, pijama, calcinhas, escova de dentes nova... eu preciso de uma mala! E o que eu acho? Uma mala, preta, discreta. E rasgada! Ah, eu não ia deixar isso estragar o meu fim de semana! Só tem tu, vai tu mermo!

Separei uma quantidade de roupas suficiente para uma semana, praticamente. Nunca se sabe do que pode se precisar. E lá fui eu, para o famigerado Centro de Integração, "onde você vai a qualquer ponto da cidade pagando apenas uma passagem". Meu destino era o Bessa, do outro lado da cidade. Tudo bem, nada vai estragar o meu fim de semana. Certo?

Espero o ônibus por 30 minutos, levo mais 30 para chegar no maldito Integração, e 20 minutos esperando o outro ônibus. Meu destino inicial era a casa de um colega, iríamos jogar RPG. e à noite eu me dirigiria (na verdade iriam de dirigir, porque eu tenho a orientação espacial de um ornitorrinco tonto, gripado e com dor de cabeça) à casa da minha amiga. E bem, eu cheguei às 3h da tarde. Começamos a jogar às 5h. Imaginem o meu humor.

Passa-se a sessão (com muitos comentários maldosos, conversas inúteis, e acreditem: nunca mais comerei esfirra do mesmo jeito. Acho que nunca mais comerei mesmo), e vou-me (devidamente atrasada, porque eu nunca consigo chegar na hora em qualquer lugar, nem na minha aula) para a casa de Fernanda. Tomo um banho rápido, chegamos atrasados no suposto cinema, amigos estressados, puta dor nas costas e enjôo. Quem disse que ser menina tem muitas vantagens? Tudo bem, nada vai estragar meu fim de semana. Certo? CERTO?

Mas eu não posso reclamar. As esfirras (oh, God!), os biscoitos de chocolate, a coca-cola que me acordou do sono, o pão do hiperbompreço no dia seguinte... e a companhia da noite, claro. Foi uma noite adorável, querida. Temos que repetir a dose. E sim, isso foi feito para soar ambíguo.

Confira o resto no próximo post! Ou não, isso tá uma droga mesmo! =D

domingo, novembro 05, 2006

Abandono

O Membrana Seletiva é digno de pena, coitado!!! Faz o quê? Uma semana que ele está parado? O bichinho, já se sente abandonado.

Eu poderia salvá-lo e fazer o primeiro post de Novembro, mas com o quê? Uma das novas periédias do meu cachorro retardado? Hm... Infelizmente, ele não aprontou nenhuma. Infelizmente, não tenho mais nenhum animal para fazer peripécias que eu possa contar aqui.

Ontem eu ouvi uma pessoa contando uma série de cantadas ridículas, mas não lembro da metade. Não sou eu quem vai contar uma piada cujo final foi esquecido. Só vai dar raiva em quem tá lendo.

Eu poderia descobrir outra história ou mito para fazer leves modificações e transformar em algo engraçado e divertido, mas e a preguiça?

Poderia insistir que as outras participantes do blog escrevessem... Opa! Eu já faço isso! =D

Eu poderia aproveitar o abandono do blog e falar sobre esse tema. Falar de abandono e sentimentos abandonados, de sentimentos que se deveria abandonar, mas não se consegue. Poderia falar daquilo que não se deveria abandonar. Talvez de pessoas que abandonam os outros ou a si mesmos.

Poderia aproveitar e falar também sobre negligência. Poderia falar sobre a perda de si mesmo. Talvez sobre a perda do rumo, daquele pontinho no horizonte que nos orienta.

Domingo é um dia bem propício para falar sobre isso. Domingo é um dia praticamente abandonado, um dia onde nada se encaixa. Mas sinceramente? Não preciso tornar o domingo de ninguém mais melancólico do que já é.