sábado, março 31, 2007

This is Sparta!




"Preparem-se para a glória."




Interrompendo brevemente o meu projeto com a Eneida, mas é por uma boa causa. Uma causa excelente, na verdade. Pelo ideal da liberdade!

Faltam palavras, mesmo nas línguas mais afiadas, para descrever 300. Eu não li o quadrinho - ainda - e acho que foi um ótimo conselho que me deram. Se eu tivesse lido a revista dois dias antes de ver o filme, teria ido para o cinema com a mentalidade de estar vendo uma adaptação. Iria reclamar internamente do destaque que a rainha Gorgó ganha no filme, dentre várias outras coisas que não cabem nesse post.

Se eu tivesse lido o quadrinho antes, eu não teria gostado tanto. Ponto final.

Que Virgílio e Homero me perdoem, mas Frank Miller é fundamental. Nenhuma produção poética chega aos pés da poesia de 300, e eu imagino que o quadrinho não deva ser diferente. Afinal, o quadrinho não precisa agradar a um público maior, tampouco diminuir a censura. Além do mais, as cenas em movimento, a trilha sonora, e a companhia de uma fileira inteira de nerds usando óculos superam qualquer poema de mais de 1000 versos.

Os diálogos são excelentes - e os mais legais registrados por Heródoto - e os atores fazem jus. Gerard Butler, o rei Leônidas, deve estar rouco até agora. E claro, puxando a sardinha para o nosso lado, Rodrigo Santoro fez muito bem o que lhe coube. Apesar de não ser a sua voz original a de Xerxes, os gestos e olhares com os quais ele compôs o deus-rei deram uma boa mostra do talento dele. Pena que ele aparece pouco.

Mas qual o argumento da épica? Os 300 guerreiros espartanos. São eles quem devem ser cantados, apesar do célebre pedido de Leônidas. E isso o filme faz com excelência e estilo impecáveis, fazendo o público mais impressionável - ou seria simplesmente mais sensível, criativo e imaginativo? - se colocar no papel daqueles heróis que lutaram não pela vitória, pois sabiam que ela uma batalha perdida, mas pela glória e pelo desejo de liberdade. Antes um soldado morto que um escravo sobrevivente. Vale ressaltar ainda que 300 se baseia, em essência, no relato de Heródoto, primeiro historiador do mundo helênico, e de índole essencialmente literária.

No entanto, cabe perguntar: o que importa que seria impossível incontáveis milhões de soldades persas marcharem naquelas condições pelo estéril território grego? O que importa saber que não havia apenas 300 soldados, mas que uma aliança foi feita entre as cidades-estado e que Leônidas liderou, no mínimo, 7 mil homens na defesa suicida das Termópilas? Segundo o próprio Platão, a literatura tem utilidade na República ideal enquanto servir para formar cidadãos. E é muito mais encantador acreditar que 300 homens sem medo, liderados por Leônidas de Esparta, morreram para defender a liberdade de seu povo.

E claro, aqui vai o comentário cretino: 300 é a maior concentração de homens sarados e gostosos do cinema. Se as mocinhas não gostam de batalhas épicas, lanças trespassando corpos e outras coisas, vale a pena ver 300 soldados usando apenas tanguinhas e capas vermelhas.

Créditos da imagem de avatar: The Devil Dweller

12 comentários:

Fernanda Eggers disse...

Vaca!!!!

EU IA FALAR SOBRE 300 HOJE!!!

Se o teor do seu texto for diferente do meu, eu vou escrever do mesmíssimo jeito. ¬¬

Fernanda Eggers disse...

(Oh, yeah, baby... eu ainda não li. Vim te xingar primeiro.)

Fernanda Eggers disse...

Ok... Ficou bem escrito, b*atch. ¬¬
Mas eu ainda vou escrever!
Vou deixar pra amanhã, no caso. Pq devo ver de novo hj! XD
E vou publicar aqui e no Táola Quadrada.

E que horas vc foi ver?!? Pq eu peguei a 1ª sessão!!! XD

Anônimo disse...

"mas é por uma boa causa. Uma causa excelente, na verdade. Pelo ideal da liberdade!"

Tsc tsc... e é isso que me dá calafrios. Liberdade foi a última coisa por que lutaram.

Glória e desejo de liberdade? Historiadores gregos... bah!

Anônimo disse...

Bem, como a autora do texto me pediu, vim aqui infrmar que, segundo o próprio Rodrigo Santoro, em entrevista a Marina Person, a voz artificial dele não foi dublagem. Ele fez um trabalho de voz e finalizaram com um sintetizador, para dar aquele ar sobrenatural.
Adendo ao comentário cretino: o filme tinha tanta testosterona que creio ter engravidado! :p Gerard Butler é tudo e tenho certeza que os outros 299 homens espartanos semi-nus deviam ser modelos calvin klein :p

Allana disse...

Modelos Calvin Klein foi ótimo XD

Quanto ao comentário de Thiago, E bem, levando em conta que isso é uma resenha do FILME, e a idéia de luta pela liberdade está presente no FILME e no relato de Heródoto, acredito estar coerente dentro dessa perspectiva.

Como eu disse no post, o relato de Heródoto de histórico tem quase (?) nada; é essencialmente literário e tem o intuito de impressionar. Do mesmo jeito que a Eneida (de Virgílio), que a Ilíada e a Odisséia. É uma maneira de cantar a glória de um povo, e esconder as verdadeiras intenções é apenas um pré-requisito pra isso. SE uma guerra de Tróia aconteceu de fato, você acha que foi por conta de uma mulher que foi "roubada"? Óbvio que não. Pérgamo dominava a passagem marítima da Europa para a Ásia; devia cobrar impostos altíssimos, além de estar situada em um ponto estratégico.

Em suma, Literatura (e arte em geral) não precisa seguir a História. Até porque a humanidade normalmente é tão sem graça que não teriam nem o que contar. =D

Unknown disse...

Eu to me sentindo o unico sujeito da face da terra, q naum viu esse filme, quando vcs vaum de novo hein? =~~ :D

Bem... quando eu assistir eu comento mais... bjos Allana

Anônimo disse...

Assim, dizer que o filme é incrível, que é um dos melhores épicos da história, no nível de "Senhor dos Anéis" e "Coração Valente" é chover no molhado, mas "300" tem uma qualidade interessante que não faz parte da história de nenhum desses outros épicos de Hollywood, é baseado em um quadrinho.

Claro, a história em si é de Heródoto, não foi o Miller quem escreceu, mas as liberdades poéticas que ele tomou deram uma vida diferente ao fato e a idéia de fazer a fotografia do filme repetir a fotografia do quadrinho também foi uma das decisões mais acertadas que eles poderiam tomar.

E a rainha matar o nojento do pilítico na frente dos seus "companheiros de ofício" depois de ser esculachada foi um dos melhores momentos, principalmente quando todos aqueles que não haviam dito nada para defender a rainha começaram a gritar "traidor!" com o morto no chão. O "mal caratismo" da "classe" já vem de tempos imemoriais :P

Mas, como eu tinha lhe dito hoje de tarde, não gostei da voz do Santoro, ele fez uma representação incrível de Xerces (e ninguém esperava menos dele), mas o exagero nos efeitos aplicados na sua voz deixaram ela realmente com aquele toque de "sintetizador", praticamente um Vader, com a diferença que o Vader realmente falava por um sintetizador. Poderiam ter aliviado nos efeitos para que a voz parecesse mais natural.

Agora, com "Sin City" e "300" tendo feito tanto sucesso e com tanta qualidade, esperemos que a obra prima de Miller, "The Dark Knight" seja ainda mais incrível do que tudo o que nós vimos até hoje.

Italo disse...

Primeiro, deve dizer que o filme é foda! Tirando Star Wars Episódio III, foi o filme que criei mais expectativa para assistir. E superou essas expectativas.

Gostei do fato de ter elementos mitológicos, algo pouco comum em filmes épicos "históricos". Sem falar, é claro, de toda a poesia que você citou e os ideais pelo qual os espartanos lutavam. A trilha sonora também foi very enjoyable e as cenas de luta: sensacionais!

Concordo com Maurício quanto a voz de Rogrigo Santoro, foi um pouco exagerada. Não gostei também do tamanho desproporcional dele. Acho que dava pra ele pousar de "divino" sem isso. Falando nisso, não podemos esquecer da famosa citação do Rei Xerxes:
"It is not my lash what they fear. It is my divine cock. And I WON´t take off my hands from your shoulders." Ou algo parecido.

E por último, devo dizer que foi ótimo assistir o filme com amigos. Fazia tempo que não encontrava tantos (amigos) numa sessão de cinema. Devemos fazer isso mais vezes, savvy*?

* if you know what I mean...

Bárbara disse...

Todos os comentários imensos daqui me deixaram sem ter mais o que falar. Só tenho que concordar com o pensamento unânime de what the fuck era aquela voz de Rodrigo Santoro? Parece que ele foi dublado pelo próprio Vader. O tamanho dele não me incomodou, acho que a diferença de altura entre ele e o rei só o fez parecer mais imponente e isso é bom. Os 300 homens de tanguinha tb são ótimos e o filme todo é excelente. Redundante mas tem que ser dito, é óoootemo!

Fernanda Eggers disse...

Ah!!!
Claro!!!
O Rodrigo Santoro não foi dublado!
Aquilo é ele mesmo falando. Assim como teve o corpo aumentado, teve a voz alterada, pra ficar mais semelhante à voz de um deus.
E eu notei uns deslisezinhos mínimos de pronúncia.

Anônimo disse...

O tamanho aumentado de Rodrigo Santoro tb tem sua explicação... como o filme é baseado num relato ficcional/mitológico, parece que Xerxes era tido como um gigante...