quinta-feira, agosto 16, 2007

O Cinema e suas "relações"

Ele já veio na cola de outra Arte, como quem não quer nada. A Fotografia estava tendo os seus problemas, suas complicações, quase como que um vírus desses "brabos" que pegam as crianças e botam de cama e os pais ficam desesperados, achando que o pirralho vai morrer! Ainda mais naquela época, que a gama de medicamentos era pouca... Ou talvez eu esteja fazendo drama pra você ler o meu texto!

Enquanto a Fotografia dava seus passos, com uma certa dificuldade, tirando empregos de retratistas, sendo chamada de "coisa do demônio", o Cinema chegou sorrateiro, na França, quase que como brincadeira dos irmãos Lumière. Eles filmaram a saída dos operários do trabalho, a chegada do trem na estação, o almoço do bebê... Tudo com pouquíssimos minutos de duração e feito de forma bem simples. Eles chegaram a exibir esses "filmes" e as pessoas que estavam assistindo "A Chegada do Trem" saíram correndo da sala de exibição, com medo de que o trem saísse da tela e as atropelasse.

"Hm! Eu acho que aqui tem um filão bom pra ganhar dinheiro!" Alguém deve ter pensado isso, mas o fato é que o kit de filmagem era bem barato e, ainda que não pareça, o Cinema nasceu documental, não ficional como estamos acostumados hoje.

Mas o fato é que com pouco tempo de nascido, uma criança serelepe basicamente, o Cinema chegou para o Teatro e pediu pra ficar ali, assistindo. Depois convenceu o irmão mais velho a se deixar filmar. Dessa forma vieram alguns dos primeiros filmes ficcionais, mas demorou para os cineastas se darem conta de que poderiam ir além da câmera estática e filme sem cortes.

Quando o dia chegou, o Cinema passou a procurar seus irmãos e irmãs e fazer propostas. Chegou uma hora em que ele viu que se exibir calado não era tão divertido, foi ter uma conversinha com a Música e os dois se uniram. União essa que deu certo, mesmo quando o Cinema passou a falar em público, cheio dos diálogos, monólogos, pensamentos exteriorizados e sempre embalado por uma trilha sonora.

Vendo que dava certo isso de se unir com os outros, consultou uma das mais velhas: a Literatura. Vez por outra, eles produzem algo juntos. Tem vezes que o Cinema rouba algo dela e faz o trabalho escondido, em cima das coxas (e acaba saindo uma porcaria e as pessoas saem do cinema dizendo "ah, o livro é melhor!"). Acontece também de Literatura empurrar algo para Cinema e cotar um grande nome pra estrelar o filme. Por mais que ele pense "Ih... Sei não!", acaba fazendo o gosto da irmã. Dessa forma saiu "O Diabo Veste Prada", por exemplo. O livro é bom, mas não vendeu muito. No entanto, Meryl Streep deu aquele empurrão que faltava à trama e se tornou uma das vilãs mais amadas das telonas nos últimos anos.

A Dança também se uniu ao Cinema e à Música e os três produziram musicais, filmes de dança e fizeram (ainda fazem) muita gente sair da sala de exibição (seja numa rede de cinemas, seja no sofá da casa do namorado) direto para uma academia de dança: "Moço! Eu quero fazer dança de salão / dança latina / tango / street dance / flamenco / dança do ventre / whatever! Me matricula aí!" O bom pra essas pessoas é que dança faz bem e é altamente viciante. Pelo menos elas não podem ser chamadas de sedentárias.

Enquanto boa parte das Artes estavam em crise e apelaram para o surrealismo, o Cinema estava com toda! Era muito novo para ter crises, era praticamente um adolescente espinhudo criativo e apaixonado, produzindo algo novo para alguma musa inspiradora com uma bela energia.

Atualmente eu acho que o Cinema tá precisando de uma nova paixão. Não tem criado muitas coisas novas. No entanto, se juntou com uns irmãos mais novos, uns tais de Quadrinhos e Arte Gráfica (irmã gêmea bivitelina do Games) e anda fazendo umas coisas interessantes. Por mais que não esteja com a criatividade em alta, aproveita as idéias e a ajuda dos irmãos e cria umas técnicas interessantes, umas formas diferentes de recontar uma história que foi apresentada em algum outro tipo de mídia, por alguma outra Arte.

Veja só: até filho Cinema já teve! Veja a Animação e a Animação Gráfica por exemplo... (Sim, eu estou falando dos desenhos animados!) Eu acho que houve incesto aí no meio, mas quem sou eu pra dar pitaco numa família doida dessas?

Eles produzem, eu aproveito e ainda me meto a besta de fazer uns comentários de vez em quando.

  1. Fernanda acha que tem pouca coisa pra fazer e inventou um blog novo... Um tal de 16 Milímetros em Papel Couché. E ela ainda se comprometeu a atualizá-lo uma vez por semana! Não é uma ousadia? Mas diz ela que se conseguir, vai trazer umas coisas novas pra cá também. Então eu sugiro que você freqüente os 2 blogs, que a coisa vai começar a ficar interessante.
  2. E parabéns a Daniel, que venceu o concurso do Membrana Seletiva! ^^ (Agora cobra o prêmio da Allana, tá?)

Um comentário:

Eduardo Costa disse...

O cinema é um cabaret.