segunda-feira, dezembro 10, 2007

Scary Skinny - not a movie.

Muitas são as reportagens em revistas, jornais e em programas de televisão acerca da necessidade de se combater a tal ditadura da magreza, entretanto o tão batido e rabatido assunto fica ofuscado no primeiro comercial após o programa ou na página seguinte à reportagem de revista.


São elas e eles, por todos os lados, em todos os ramos da mídia, altos, magros, tonificados, saudáveis e plásticos, ilustrando de capas de revista à propagandas de canos d'água.

Você não vê uma pessoa "comum" nem em propaganda de margarina, pois a família que se senta à mesa exibe cabelos sedosos ao extremo, sorrrisos brancos que se aproveitam nos comerciais de creme dental, além de serem magros e até atléticos, como se assim pudessem ser comendo margarina todos os dias com pão francês.


As roupas são desenhadas para mulheres altas, magras e sem quadril, e o mais interessante, são assim até as desenhadas aqui no Brasil. A rima é tão infame como a situação em si, visto que as mulheres curvilínias do nosso país são famosas em todo mundo exatamente por isso.

Então, tocar no assunto da ditadura da magreza e rebatê-lo sem nada mais fazer torna-se meio vazio para mim, visto que acredito no poder da mídia e acho que se de fato quisessem diminuir este império scary skinny começariam a colocar nos comerciais aquela menina bonita e saudável, porém com o padrão mais "comum", não mulheres de 1,80 que pesam assustadores 50 e poucos quilos...


Acredito que seria até um bom marketing, pois vejam bem, fazer Adriana Lima parecer bonita numa lingerie Victoria's Secret não é lá grande coisa, aliás, acho que numa calcinha de camelô ela ficaria bem, mas fazer aquela mulher "normal" parecer uma deusa...isso sim, para mim, mostraria o poder da tal lingerie. Além do que é meio frustante ver uma calça exposta numa modelo com as pernas da Ana Hickman ou uma blusa numa modelo com a barriga da Gisele.


Com a ditadura da magreza veio também a busca excessiva pela perfeição. Como já disse, os cabelos que são exibidos na mídia têm uma perfeição computadorizada, a pele é quase a de uma animação gráfica, os dentes eternamente brancos, perfeitamente alinhados.


Mulheres hoje fazem cirugias até nas panturrilhas, antes só a barriga incomodava. Tem aplicação de botox pra todo lugar e as pessoas vão ficando cada vez mais parecidas e com as mesmas expressões, como moldadas na mesma forma. Me lembram uma certa boneca loira, alta, com cintura de poucos cm e um namorado sarado apelidado de Ken.


Não sou contra rituais de beleza, aliás sou bem vaidosa, entretanto acredito que cada um tem perfil próprio, cada um tem um tipo de beleza que pode ser realçada. Todos podemos melhorar e se cuidar faz um bem danado pra auto-estima, mas não podemos fazer da busca por um ideal estético quase inatingível o nosso objetivo de vida, é meio vazio, não?

Melhor é ser saudável, praticar esportes, rir muito, comer uma fruta, mas não ter medo de um chocolate, escovar o cabelo ou enrolá-lo em cachos, cuidar da pele, mas assumir algumas sardinhas e rugas, se sentir bonita num número diferente do 36, não ter medo de envelhecer, mas usar alguns recursos da ciência em favor próprio, sem obsessões...é bem mais "classudo", não?



3 comentários:

Eloísa França disse...

Deny, não sei quando vc fez esse texto mas foi coincidente com o q eu vi hoje na TV.
Estava eu assistindo o canal E! e aparece uma matéria sobre as atrizes de Hollywood estarem mandando a ditadura da magreza pras cucuias. Uma delas é America Ferrera, a atriz que faz a série "Ugly Betty" e que está com uma filme chamado "Real women have curves".
Confesso que adorei, as pessoas estão ficando paranóicas, uma coisa sem noção.
E eu espero, que um dia, as fabricas de calças jeans percebam que brasileira tem bunda!!!

Bjus!!!

Eloísa França disse...

Na verdade, o filme é de 2002. Acabei de pesquisar.

Fernanda Eggers disse...

Preciso dizer que concordo com você em gênero, número e grau?