terça-feira, maio 29, 2007

Bom dia

Para Gustavo





Criatividade é bicho ruim, nunca aparece quando você chama.






Seis da manhã. O sol iluminava timidamente o quarto através das frestas da janela fechada, dando a ele um tom levemente alaranjado. O cômodo estava frio, foi a primeira coisa que ela notou, ainda num estado entre o sono e a vigília.

O frio a fez estranhar o ambiente, antes de abrir os olhos, antes mesmo de pensar em algo. Seu quarto não era frio, normalmente.

Ligeiramente mais desperta, considerou abrir os olhos. Antes que o fizesse, numa fração de segundo, a memória da noite anterior veio à sua mente. Mexeu-se de leve e sentiu um outro corpo na cama, deitado ao seu lado. Sorriu.

Só então abriu os olhos, vagarosamente, e encarou a luminosidade pálida do quarto. Uma luminosidade acolhedora, delicada. Até mesmo morna, aconchegante, apesar da temperatura.

Encolheu-se um pouco mais na coberta e virou-se devagar, com cuidado para não acordar o rapaz ao seu lado. Encarou-o por longos minutos, observando cada detalhe do seu rosto. Rapaz... Ou seria um homem? Evidente que sua postura era de homem, é um adulto, são ambos adultos. Mas esse rosto... esse rosto parece até mais jovem do que a verdadeira idade dele. Sorriu ao pensar nisso, nessa dicotomia.

Notou que ele estava descoberto, com as costas expostas ao frio gerado pelo ar-condicionado e abraçou-o, beijando o seu rosto, procurando não acordá-lo. Ele sorriu, beijou-a de volta sem abrir os olhos e virou-se, para encaixar-se melhor no abraço.

Ele dormiu mais um pouco, ela manteve-se cochilando e acordando periodicamente, pensando sobre onde estava e o que era aquilo tudo, sempre com o mesmo sorriso bobo. O mundo poderia desabar assim que se levantasse daquela cama, mas estava confortável ali. E, acima de tudo, estava feliz.

Por fim dormiu novamente. Enquanto ela dormia, ele acordou, virou-a cuidadosamente e abraçou-a, invertendo a posição em que estavam. Ela acordou com o movimento, mas preferiu manter seus olhos fechados e simplesmente sentir. Sentir o calor dele contrastando com o frio do quarto, sentir o cheiro e o toque de sua pele, sentir que ele estava tão satisfeito quanto ela própria se sentia.

Passou-se algum tempo. Poderia ter sido alguns minutos ou algumas horas, não havia ninguém contando ou se preocupando realmente com isso. Ele ergueu-se ligeiramente, tocou o nariz dela com o seu e deu-lhe um beijo.

- Bom dia.



Edicão do conto meio que feita em cima da hora e com sono, vontade de publicar logo...
Perdoem qualquer coisa.

quinta-feira, maio 24, 2007

Causos








"Os opostos se distraem; os dispostos se atraem".








A quantidade de histórias que se passam na rua Odylon do Egito é inversamente proporcional ao seu tamanho. As casas pintadas de branco, de telhas na cor laranja, e calhas metálicas para a chuva abrigam, na extensão de pouco mais de 100 metros, uma roda de samba semanal, um velho meio senil que apronta algumas diariamente, e é também ponto de operações ilícitas às quais todos se fazem de desavisados.

As rodas de samba já são quase atrações turísticas para aqueles do ramo. Iniciam-se normalmente com um churrasco, nos meados da manhã (horário em que qualquer cidadão deveria estar dormindo, em se tratando do merecido domingo), e estendem-se até o final da tarde, às vezes entrando pela noite. A ruas de distância, e essas certamente com suas próprias histórias para contar, o barulho dos instrumentos desritmados e a cantoria previsível, quase agourenta, pode ser ouvida. Mas que se pode fazer? A vida em comunidade tem dessas coisas.

Pena que quase nada dessas coisas sejam agradáveis. O senil, por exemplo, era famoso por paquerar, nada discretamente, qualquer mocinha que passe por perto. E isso aconteceu até com a minha namorada, que sem graça e educada demais para xingar o dito cujo, sorriu amarelo e seguiu seu caminho. Até que certo dia a síndica do prédio onde moro foi alvo dessas investidas. Ele não deveria ficar impune, afinal. Os porteiros resolveram se juntar e dar uma lição no chamado Doido, que depois desse episódio não voltou mais por estas bandas.

Outra particularidade dessa lendária figura era seu hábito de conversar com o nada – ou melhor, de gritar com ele. Não que fosse possível entender tudo o que ele dizia, mas as crises seguiam o ciclo das cigarras: bastava o sol começar a se pôr e a ladainha começava. Mas havia algumas situações engraçadas, como quando ele ameaçou matar o padeiro da esquina. Doido saiu correndo, esquecendo um chinelo roído, na base do rolo de macarrão.

E não esquecendo as negociações a céu aberto, tenho quase certeza: meu vizinho é um traficante. E eu não digo isso somente pelas músicas de Bob Marley que ele escuta o dia inteiro, nem pelo cheiro forte que incensa o corredor do prédio no meio da tarde, mas pelas vendas que realmente acontecem, coincidentemente nos dias de roda de samba. Esses acordos, no entanto, não são feitos na Odylon do Egito, mas em uma rua transversal, que nem nome tem. Cercada por dois prédios, e com aproximadamente o dobro do tamanho da primeira, a ruazinha decadente é quase uma boca-de-fumo.

Aproveitando a oportunidade, a tal rua sem nome também serve de motel barato para casais de variados tipos. Não que eu tenha visto nada explícito, mas as várias provas físicas, de risco biológico para toda a comunidade, não deixam dúvidas: os preservativos usados, acompanhados de suas respectivas embalagens, já fazem um bom retrato.

E falando em retrato, para terminar, tentou-se fotografar os cenários onde se passam esses fatos. A presença, no entanto, de uma quadrilha profissional que realiza roubos montados em bicicletas financiadas pelo narcotráfico da região, assustou o fotógrafo que temeu pela sua segurança e de sua máquina.


Créditos da imagem: Thalweg's Gallery

terça-feira, maio 22, 2007

3 Segundos






Criatividade é bicho ruim, nunca aparece quando você chama.






- Vai pra aula hoje? (clic)

- Não. (clic)

- Beleza. (clic)

Nós, pobres estudantes universitários sem crédito conhecemos bem isso. O famoso sistema de dar recados em 3 segundos, extremamente útil em situações como a descrita acima. Ou pra dizer coisas simples, como "A aula é na Biblioteca" ou "Vai pra P.A.".

Eu odeio quem tenta conversar de 3 em 3 segundos, me dá uma agonia muito grande, mas pra recadinhos simples assim, é uma beleza. Você comunica o que precisa sem gastar nada e acabou-se. Simples, prático e rápido. Talvez não tão prático assim, mas funciona, não é mesmo?

Infelizmente não funciona mais. Hoje eu estava conversando com uma colega que ficou com o celular bloqueado por 24 horas depois de fazer chamadas de 3 segundos pela 3ª vez consecutiva. Ela não tentou enviar mensagem, mas o celular não funcionava para ligar nem à cobrar, a não ser para o número de atendimento ao cliente da operadora.

A operadora informa, quando você liga, após ter o celular bloqueado, que são as novas normas, você vai passar 24h sem poder ligar, apenas receber chamadas e se vire, tenha um bom dia.

Bem... O valor mínimo que eu pago é 44 centavos, por menos de 30 segundos de ligação. O minuto custa uns 68 centavos, se não me engano. É caro. Aí, imagina... Para não ter o telefone bloqueado, tenho que demorar pelo menos uns 30 segundos para dar um recado besta a alguem (e fazer valer meu dinheirinho, afinal, pago a mesma quantia por menos de 30 segundos).

- Ei...

- Oi...

- Sabe a aula de hoje?

- O que tem?

- Vai ser na Biblioteca Central, viiiiu?

- Tá, tá certo.

- Tchau.

- Tchau.

Essas operadoras de celular... Sempre arrumando um jeito de fazernos gastar mais e mais dinheiro.

Para ler um texto de verdade, clique aqui e deixe seu comentário após o sinal.

Perguntas Escabrosas








"Os opostos se distraem; os dispostos se atraem".









- Pai, a lua é feita de quê?

Chegou o momento que ele tanto temera: a idade das perguntas. Não que ele se importasse de ter filhos - até gostava de crianças, principalmente se elas estivessem quietinhas na frente da TV se empanturrando se pipoca e refrigerante. No entanto, estavam os dois, pai e filho, caminhando calmamente pelo parque. Aquele garoto gostava muito do parque - temia que um dia ele fosse um ativista do Greenpeace. Ou um hippie. Não que houvesse muita diferença.

- De queijo. - respondeu o pai, sem se preocupar nem um pouco com a verdade. Um dia ele estudaria na escola, e outra pessoa - bem mais preparada que ele, por sinal - revelaria a cruel verdade: a lua era só uma grande bola de pedra lunar que refletia a luz do sol.

- Queijo, pai? Tem certeza?
- Sim, queijo. E digo mais: queijo suíço.
- E como os suíços levaram todo aquele queijo, lá longe no céu?
- Você por acaso sabe onde é a Suíça?
- Não, mas...
- Pois então! Os suíços são um povo alienígena, que nos dias de outrem...
- Pai, quem é esse tal de Outrem?
- Eu quis dizer que há muito tempo, eles tentaram dominar a terra. No entanto, falharam miseravelmente, e então...
- Pai, a Suíça não era um país?
- ...
- Pai?
- Quem foi que disse a você que a Suíça era um país?
- A mamãe... e disse mais, disse que era um país frio, e com montanhas, e com o melhor chocolate do mundo... e ela disse também que não é ela quem mente, e sim você.
- Sua mãe não disse nada de queijo suíço, disse? - odiava quando ela falava a verdade. Enquanto ele lá, tentando estimular a imaginação do garoto, talvez transformá-lo numa das forças criativas que irá dominar o sistema capitalista mundial, ela fazia o papel de boa mãe e contava a verdade pro garoto. E que história era aquela de que ele era mentiroso? O fato era que a verdade era muito mais sem graça que a imaginação.

- Não, pai, ela não disse nada sobre queijo suíço, mas...
- Pois então! O que sua mãe não sabe, e você deve jurar solenemente que...
- O que é solenemente, pai?
- É só jurar, meu filho. Bem, você deve jurar que não vai contar sob nenhuma tortura ou nenhuma chantagem que não vai contar nada do que será revelado aqui.
- E se ela me fizer cócegas?
- Você me chama e nós fazemos cócegas nela.
- E se ela me der chocolate suíço?
- Você inventa uma história e come o chocolate.
- E se ela me der coca-cola?
- Você inventa outra história, pega a coca-cola e vem dividir com o seu pai.
- E se vocês estiverem no quatro, trancados, fazendo aqueles barulhos estranhos e...
- Você vai pra frente da TV ver Procurando Nemo.
- Tá bom! - o sorriso quase reluzia no rosto do garoto.
- Mas... do que eu estava falando mesmo?
- Acho que era sobre os cruzadores espaciais dos Rebeldes e a Estrela da Morte do Império...

segunda-feira, maio 14, 2007

Os Donos do Mundo



"Tu peux, si tu veux"




O quarto recebeu uma boa dosagem de veneno para insetos. As janelas e portas foram fechadas. Quem sabe assim eu me livraria da quantidade monstruosa de mosquitos que me atormentam nas noites úmidas e chuvosas do inverno.
Depois de uma hora, voltei ao quarto e acendi a luz. Ótimo! Alguns mosquitos mortos no chão, uma aranha e um besourinho. Primeiro pensamento: até que enfim, uma noite de paz! Dormir sem zumbidos incômodos no ouvido e acordar sem milhares de picadas coçando. Aí pensei no lugar em que fui me enfiar; um lugar onde preciso lutar contra insetos quase todo dia.

Já ia desforrar a cama para dormir, quando vi uma coisinha marrom cruzando o chão do quarto. Uma barata! Uma maldita barata!Corri para pegar o inseticida e um chinelo. Depois de “embebedar” a barata, consegui matá-la. Ou acho que consegui. Por via das dúvidas, deixei o chinelo em cima dela, afinal, nunca se sabe se ela foi esmagada o suficiente.

Baratas são um inferno! Não morrem com qualquer inseticida, são capazes de viver sem cabeça até que a fome as mate e é necessário esmagá-las umas três vezes para ter certeza de que realmente morreram.

Uma vistoria no ambiente me garantiu que só havia aquela barata. E nada de mosquitos ou aranhas ou... O besouro se mexeu! Ele não deveria estar morto? Vai ver é mais um daqueles insetos viciados. Os inseticidas estão se transformando no álcool deles. Na cocaína, talvez. Nada de chinelo, um tamanco vai garantir minha segurança com mais eficiência.

Nada mais balançou as patinhas nojentas. Imaginei que pudesse dormir em paz, finalmente. Até ouvir um zumbido. Um mosquitinho. Não, dois. Eles estão chegando! Poderia colocar mais inseticida no quarto, mas estou com muito sono. Realmente preciso dormir.


O jeito é ligar os dois ventiladores, me cobrir dos pés à cabeça e esperar que, ao menos por uma noite, o repelente de insetos cumpra sua função.

sábado, maio 12, 2007

Especial CinePort II




"Tu peux, si tu veux"



Sexta foi o meu último dia de CinePort, pois não tenho a intenção de comparecer no fim de semana, apesar da Cidade do Cinema ser muito agradável. Claro, a população aumentou muito nesses últimos tempos, mas duvido que estivessem esperando que o evento desse tão certo.

Mas deu. O que me deixa feliz. Apesar de saber que havia muita gente ali única e exclusivamente porque a entrada era barata e provavelmente ninguém os expulsaria das tendas de exibição quando começassem com a gritaria no meio do filme. Pena. Realmente é uma pena.

Mas vamos ao que interessa!

Quinta, 10 de Maio

A tenda Andorinha Digital é menor do que a outra, mas comportou bem os espectadores. A entrada é a coisa mais fofa, com 3.000 bonecas de pano feitas por alunas de colégios da cidade. Há, também, várias paredes grafitadas com a temática "cinema". Dentro da tenda é menos gelado do que na tenda Andorinha, então não é tão ruim assim caso você esqueça o casaco.

Às 21h30 foram exibidos diversos curta-metragens, 4 brasileiros e 2 portugueses. Os dois primeiros curtas exibidos deixaram a desejar, já os outros valeram muito a pena. Apesar de amplamente divulgado no YouTube, me acabei de rir com "Tapa na Pantera", brasileiro, ao assisti-lo (de novo). Outro filme que merece destaque é "Night Shop", portuquês.

O grande defeito desse dia foi o aparelho de DVD, que... bem... deu defeito. Saí antes do último curta, pois perdi a paciência quando tiveram que parar o penúltimo para limpar o cd. 3 curtas foram exibidos 2 vezes cada e esse penúltimo ia ser exibido pela 3ª vez. Não aconteceu nada parecido nos outros dias, mas esse detalhe me chateou um pouco.

Sexta, 11 de Maio

Cheguei atrasada e fiz pessoas ficarem me esperando. E sim, estou mencionando o fato no blog como forma de pedir desculpas e agradecer por minhas amigas lindas terem pegado entradas para mim para os dois filmes que eu queria ver.

A noite começou com "Árido Movie". Quem não viu, pode conferir no cinema, pois está em cartaz e vale a pena ser visto. Conta a história de um "homem do tempo" cujo pai que ele nem conhecia direito morre, no interior de Pernambuco, e ele tem que ir no enterro. O filme é uma viagem, usando as palavras do produtor, do diretor e de um dos atores, que estava presente no local e causou frenesi: Selton Melo.

Selton Melo foi um capítulo à parte na noite. Foi atacado, abraçado, beijado, pediram pra tirar foto, ele recusou, tiraram foto dele assim mesmo, ele foi simpático com todos, apesar de não ter tirado as fotos (com um bom motivo... imagina parar pra tirar fotos com as quase 700 pessoas ali na tenda?).

Após "Árido Movie" (já disse para assistirem? pois digo de novo!), fiquei para ver outro filme brasileiro: "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias", que traz a vida de um garotinho deixado na casa do avô enquanto seus pais fugiam da perseguição política da ditadura militar. O filme é tocante e mostra um lado da época que ninguém parou para observar: vários daqueles que foram perseguidos, presos, mortos, torturados e afins eram pais. A vida de várias crianças da época foi muito difícil. Tanto para aqueles que perderam os pais por um ano quanto aqueles que os perderam para sempre.

Achei algumas cenas muito bonitas, no entanto, como uma em que as crianças aparecem correndo pelas ruas de São Paulo. Não se vê mais isso hoje em dia, nem em cidades calmas como João Pessoa. As crianças não têm essa liberdade de correr por aí, jogar futebol na rua. Muitos simplesmente ficam em casa durante as férias inteiras, jogando video-game, sem ter noção que num apartamento no mesmo prédio mora uma vizinha legal. A própria paixãozinha infantil, também retratada no filme, praticamente deixou de existir.

Voltando ao evento, mais uma vez tenho uma crítica para fazer aos freqüentadores do local, pois eles gritaram, passearam, desorganizaram as cadeiras, excluindo as passagens e, não bastasse isso, mais uma vez fumaram dentro da tenda. Será que é tão difícil assim não fumar por duas horas? Será que é difícil não gritar por duas horas? E precisa mesmo agir como uma manada desordenada de javalis, correr para dentro da tenda como se o mundo fosse acabar em 5 segundos e arrastar as cadeiras pra lá e pra cá, impedindo a passagem do resto das pessoas que desejam ver o filme? Quanto mais gente, menos educação. Incrível!

Sábado e Domingo:

Hoje será o último dia de exibição de filmes, a noite será encerrada com Cabrueira. Amanhã serão as entregas dos prêmios, não lembro de ter visto algum filme na programação.

quinta-feira, maio 10, 2007

Especial CinePort




"Tu peux, si tu veux"



Infelizmente eu não pude comparecer todos os dias ao CinePort, Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa, por abestalhamento meu, admito.

O 3º CinePort acontece entre os dias 4 e 13 de Maio, aqui em João Pessoa, na Usina da Saelpa, Epitácio Pessoa. Quem clicar no título do texto terá acesso ao site oficial, já que publicar a programação aqui é um pouquinho demais.

O evento contou com palestras e mesas redondas, que ocorreram na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no início dessa semana, além do cinema volante, que acontece até domingo, em diferentes locais da cidade.

O evento traz longas, curtas, documentários e animações do Brasil, Timor Leste, Portugal, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Cabo Verde, atendendo os mais variados gostos. Começa cedo, às 9h da manhã, com exibições direcionadas ao público infantil e a última exibição ocorre por volta das 23h. Mas não pense que pára por aí. Entre um filme e outro, há performances, esquetes e danças. Cada dia do evento é encerrado com uma atração musical e o Café Parahyba, que abre às 14h, só fecha após a saída do último cliente.

Os filmes podem ser assistidos nas tendas Andorinha e Andorinha Digital, os shows musicais podem ser vistos na tenda CinePort Música, há uma área com lojas e cybercafé e exibição de telas com o histórico de alguns homenageados pelo CinePort.

Na hora da fome, além das barraquinhas espalhadas pela área externa, há a tenda Cinema com Manjericão, que não tive a oportunidade de conferir, então não posso dar meu parecer a respeito nem para dizer se é caro ou não.

A estrutura do local está impecável, as chances de esbarrar com atores, produtores, diretores, roteiristas e escritores são enormes, tendo em vista que eles vieram de toda parte para ver o seu filme ser prestigiado no CinePort. A entrada custa apenas R$ 1. Sugiro que todos aqueles que tiverem a chance de ir apareçam, pois é uma experiência que vale a pena.

>>Terça, 8 de Maio

O comentário que tenho para fazer sobre esse dia é que fiquei impressionada com o local e a organização.

Tive pouquíssimo tempo, então vi apenas um trecho de um filme brasileiro "O Veneno da Madrugada". Como não terminei de assistir o filme, me abstenho de comentários, mas devo elogiar a organização e o respeito das pessoas pelo local.

As cadeiras mantiveram-se organizadas, celulares quase não tocaram e as pessoas conversavam pouco durante o filme. O que foi ótimo, pois havia um personagem que falava em espanhol e outro com um sotaque de Portugal. Como não havia legendas , era difícil entender o que falavam.

>>Quarta, 9 de Maio

Com mais tempo e maior disposição, pude ver dois filmes, o português "Coisa Ruim", um suspense muito bem trabalhado, e o brasileiro "Mulheres do Brasil", sobre o qual pretendo escrever de forma mais detalhada.

Nesse dia a organização não foi assim tão boa. Não por conta do evento em si, mas das pessoas ali presentes. Nenhuma delas respeitou as fileiras, arrastando cadeiras e bloqueando as passagens que haviam sido deixadas para que as pessoas pudessem transitar na tenda sem dificuldades. Os celulares não foram problemas, mas os fumantes capricharam e exerceram seu hábito dentro das tendas, o que considero uma grande falta de respeito aos outros espectadores.

O que achei muito interessante foi que colocaram legendas no filme português. Isso facilitou muito a compreensão das falas, já que não estamos acostumados ao modo lusitano de falar. No entando penso que deveriam usar legendas em todos os filmes, mesmo os brasileiros, já que havia estrangeiros presentes nas salas e imagino que, se o sotaque deles é difícil para nós, o mesmo deve ocorrer para eles.

Mesmo com essas poucas críticas, gostei muito do CinePort e pretendo morar na "Cidade do Cinema" pelos próximos dois dias.

segunda-feira, maio 07, 2007

Diferenças








"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."










Perfeição é chata, igualdade enjoa...legais mesmo são os defeitos, as diferenças...

Falo rápido e mais alto do que deveria em muitas ocasiões, sou meio exagerada, tenho medo de escuro e de filmes de terror, tenho ataques de gula, sou baixinha, não tenho o cabelo mais sedoso do mundo, sou dramática, consumista.

E então? Esta autopropaganda não pareceu das melhores, não é?
Mas tais defeitos, juntamente com minhas qualidades, minhas características físicas e psicológicas, fazem de mim o que sou; tais fatores me individualizam e me tornam única...Imagina se a única diferença entre as pessoas fossem as digitais dos polegares?

Só você tem aquela sarda no canto do olho, só você tem aquela cicatriz, só você tem aquela voz, só você tem aquele jeito de olhar, só você tem aquele dedo indicador meio torto (isto diz respeito a mim também), só você tem aquele humor negro...pode haver alguém parecido, mas nunca igual.

Se fôssemos perfeitos e iguais não seríamos humanos...e ahhh, como eu adoro os humanos, cheios de manias, de defeitos, de qualidades, de preconceitos bobos, de crenças diferentes, de medos, de anseios, de sonhos, de vida!

O importante é sabermos conviver com tais diferenças, saber respeitar a individualidade dos que nos cercam, apreciar cada pessoa como um quadro único, mas não estático...

É, mais uma novidade, as pessoas mudam, o tempo pode mudá-las, outras pessoas podem mudá-las, o sofrimento, o poder, a fraqueza, a idade...mas devemos tentar conservar a nossa essência e algumas daquelas coisinhas que nos individualizam...saber avaliar sabiamente o que realmente importa e dar valor a estas coisas, a estas características, a estes defeitos, a estas diferenças...

terça-feira, maio 01, 2007

Por favor, aceitem meu dinheiro!




"membranaseletiva() é uma função que dependendo do valor de entrada pode retornar um valor completamente absurdo( ou não)."

Feriadão, sem concentração pra estudar, chuva, problemas pendentes... O que fazer?

Resolver um dos problemas pendentes, claro! Começando pelo mais antigo: o relógio lindo que ganhei de mamãe no Natal e a pulseira soltou. Vamos ao shopping dar um jeito nisso!

Chego no shopping, aproveito pra procurar fones para meu mp4 (mission failed) e levo meu reloginho no relojoeiro. O moço me cobra dois reais e, ao abrir a carteira, me deparo com uma quantia muito maior, para a qual ele não tem troco.

- Vou ali trocar o dinheiro e já volto, ok?

- Ok, moça. Não se preocupe.


Estamos no shopping, né? Então tá! Deve haver algo por aí que me interesse! Deve ter um casaquinho jeans bonitinho (jeans é bom que não esquenta tanto) dando bola por aí. Ou... ou aquela sainha com estampa xadrez linda no manequim! Que coisa! É meu número! Será que acho outra por aí? Hm... só uma grande demais.

- Com licença, eu achei essa saia aqui perdida na loja e achei linda, mas ela é muito grande pra mim. Você teria o número y?

- Vou chamar a menina pra ela te ajudar.

A tal menina me leva pro outro lado da loja e aponta pra uma parede com umas estampas típicas dessa época do ano.

- É ali, ó.

Chegando no "ali, ó", noto que há saias, mas de um modelo muito diferente do que eu queria, uma cor absurdamente diferente e a padronagem do xadrex então, nem se fala.

Volto ao manequim, a saia que está lá é do número y que pedi. Nenhuma das atendentes parece disposta a aceitar meu dinheiro, tirando a saia dali para que eu pudesse levá-la. Legal. Vamos ver se tem algo em outra loja.

Atendentes não informam, ficam na frente, olham feio, ignoram. Será possível que ninguém entende que eu quero gastar? Que há meses não compro algo para mim? Será que a economia do mundo tá tão boa que as lojas não precisam mais de clientes e eu não tô sabendo?

Entro na Siciliano, encontro o livro que queria dar de presente para uma amiga e vou embora pagar meu relógio. Pelo menos é uma loja em que geralmente sou bem atendida, mas minha situação atual não permite que eu compre mais um livro. Tenho muito o que ler e o que estudar.

Fui embora com relógio, sem saia, sem bolsa, sem sapato, sem uma mísera calcinha pra dizer que alguém numa loja fez o favor de me atender, receber meu dinheiro, dar meu troco com um sorriso e dizer "volte sempre"!

- Sêo gerente? Cadê o papelzinho de sugestões? Quero sugerir um atendimento melhor nas lojas dessa birosca aqui!