"Os opostos se distraem; os dispostos se atraem".
- Pai, a lua é feita de quê?
Chegou o momento que ele tanto temera: a idade das perguntas. Não que ele se importasse de ter filhos - até gostava de crianças, principalmente se elas estivessem quietinhas na frente da TV se empanturrando se pipoca e refrigerante. No entanto, estavam os dois, pai e filho, caminhando calmamente pelo parque. Aquele garoto gostava muito do parque - temia que um dia ele fosse um ativista do Greenpeace. Ou um hippie. Não que houvesse muita diferença.
- De queijo. - respondeu o pai, sem se preocupar nem um pouco com a verdade. Um dia ele estudaria na escola, e outra pessoa - bem mais preparada que ele, por sinal - revelaria a cruel verdade: a lua era só uma grande bola de pedra lunar que refletia a luz do sol.
- Queijo, pai? Tem certeza?
- Sim, queijo. E digo mais: queijo suíço.
- E como os suíços levaram todo aquele queijo, lá longe no céu?
- Você por acaso sabe onde é a Suíça?
- Não, mas...
- Pois então! Os suíços são um povo alienígena, que nos dias de outrem...
- Pai, quem é esse tal de Outrem?
- Eu quis dizer que há muito tempo, eles tentaram dominar a terra. No entanto, falharam miseravelmente, e então...
- Pai, a Suíça não era um país?
- ...
- Pai?
- Quem foi que disse a você que a Suíça era um país?
- A mamãe... e disse mais, disse que era um país frio, e com montanhas, e com o melhor chocolate do mundo... e ela disse também que não é ela quem mente, e sim você.
- Sua mãe não disse nada de queijo suíço, disse? - odiava quando ela falava a verdade. Enquanto ele lá, tentando estimular a imaginação do garoto, talvez transformá-lo numa das forças criativas que irá dominar o sistema capitalista mundial, ela fazia o papel de boa mãe e contava a verdade pro garoto. E que história era aquela de que ele era mentiroso? O fato era que a verdade era muito mais sem graça que a imaginação.
- Não, pai, ela não disse nada sobre queijo suíço, mas...
- Pois então! O que sua mãe não sabe, e você deve jurar solenemente que...
- O que é solenemente, pai?
- É só jurar, meu filho. Bem, você deve jurar que não vai contar sob nenhuma tortura ou nenhuma chantagem que não vai contar nada do que será revelado aqui.
- E se ela me fizer cócegas?
- Você me chama e nós fazemos cócegas nela.
- E se ela me der chocolate suíço?
- Você inventa uma história e come o chocolate.
- E se ela me der coca-cola?
- Você inventa outra história, pega a coca-cola e vem dividir com o seu pai.
- E se vocês estiverem no quatro, trancados, fazendo aqueles barulhos estranhos e...
- Você vai pra frente da TV ver Procurando Nemo.
- Tá bom! - o sorriso quase reluzia no rosto do garoto.
- Mas... do que eu estava falando mesmo?
- Acho que era sobre os cruzadores espaciais dos Rebeldes e a Estrela da Morte do Império...
3 comentários:
- Sim, Allana está republicando textos. Ela anda meio ocupada com a universidade, e talvez isso se repita posteriormente.
- Allana declara solenemente que detesta finais-de-período, assim como finais-de-curso.
- Allana lamenta por não ter tempo de pesquisar uma imagem legal de bicicletas (que é o atual tema do membrana seletiva, perdoem minha falta de criatividade), mas no próximo post isso será resolvido.
- Allana sente falta de escrever pro membrana direito.
- E Allana precisa sair, e afirma que é legal escrever de si mesmo em terceira pessoa. XD
Fernanda agradece a participação de Allana.
Fernanda acha esse texto muito engraçado!
Fernanda tem idéia pra texto novo, será que ela e Allana sempre publicarão as coisas no mesmo dia?
Fernanda também acha divertido isso de escrever em 3ª pessoa.
Eduardo vai manter a piada de escrever em 3ª pessoa.
Eduardo decepcionou-se grandemente quando soube que A Casa, do poema de Vinícius, um dos maiores ícones do surrealismo, era só imaginação.
Eduardo gosta de ver crianças perguntando (os outros).
Eduardo se divertiu escrevendo sobre si mesmo na 3ª pessoa.
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