quarta-feira, dezembro 13, 2006

Heróis. Com H maiúsculo.



E a reforma do sistema solar veio antes da política.




Hoje eu assisti ao último episódio da primeira temporada de Heroes, série que trata, como podemos notar, de pessoas dotadas de super poderes. Não se trata de um X-men live action, muito pelo contrário. Os personagens são bem desenvolvidos, e a trama é apresentada no melhor estilo "aos pedaços". Esse, no entanto, não é o ponto.

Podemos notar uma mudança drástica nos heróis criados recentemente. E eu não falo dos colantes coloridos (porque, aparentemente, isso permanece, principalmente com heroínas siliconadas), mas sim das atitudes dos personagens. O clássico Superman é o típico bom moço, que salva mocinhas caindo de prédios e tem um grande ponto fraco. Creio que eu não precise recorrer ao Capitão Marvel, e aos outros inúmeros personagens que usam uniformes berrantes. Personagens completamente previsíveis, que hesitam diante de um grande vilão. Personagens irreais.

Não irreais do ponto em que são fictícios, mas irreais visto que pessoas normais não agiriam assim. Ah, mas você me diz: "eles não são normais". Todo herói é, antes de tudo, humano. O nosso azulão era um estudante caipira de uma cidadezinha no meio do nada; o Bruce Wayne teve os pais assassinados quando saiam do teatro; o Homem Aranha era um estudante zé-ruela apaixonado pela garota ruiva que morava no fim da rua, e por aí vai.

Exemplo de heróis contemporâneos? The Authority. Vocês podem encontrar mais informações aqui. Eles são personagens que são, primeiramente, humanos. Arrogantes, cheios de si, e, principalmente, eles têm raiva. Apolo, um dos personagens mais poderosos do grupo, quando realmente explode, alguém sai com um braço quebrado. O roteiro é construído de maneira diferente - não só pela narrativa, mas pelos temas. Basta mencionar uma side-history, que não vai trazer spoiler nenhum: o gibi começa com um monstro saído das meninas-superpoderosas atacando uma cidade genérica, acho que na Índia. A pancadaria está rolando solta, e o tal monstro está prestes a comer todo o grupo, quando o "mago" do grupo, o Doutor, descobre que o tal monstro é na verdade um menino de 10 anos que, cansado de ver o pai bêbado bater na mãe, despertou super poderes que o transformaram no tal monstro. Matou o pai e, assustado, o menino saiu correndo pela cidade, matando pessoas.

O que o Superman faria em um momento como esses? Ou o Homem Aranha? Seriam eles expostos a uma situação como essa?

Bem, o The Authority fez o que foi necessário: o mago invadiu a mente do guri, tomou a forma do pai dele, e começou a brigar com o menino, como o pai faria. O resultado? O cérebro do menino virou gelatina, e ele ficou deitado em cima de uma cama pro resto da vida.

Confesso que quando eu li esse número, fechei o programa e tentei dormir. Só tentei, não consegui. "Como eles fizeram aquilo? COMO?"

Os quadrinhos, tal qual a literatura, tal qual o cinema, tal qual a arte em geral, são produtos da época. Hoje em dia os personagens clássicos (Deus, como eu esqueci o Capitão América?)
ficam simplesmente deslocados, irreais, para o gosto do público. Por que o Homem Aranha faz tanto sucesso? Um cara frustrado sexualmente, que usa óculos de fundo de garrafa, estudante, que mora em Nova Iorque. Confessemos, essa é a situação de muitos nerds americanos, maioria esmagadora no mercado de quadrinhos. Em suma, o público se identifica, e questiona as situações nas quais os personagens são postas. Essa é a tendência atual da indústria da arte. Histórias que questionam. Que nos fazem pensar: "Caramba, e se fosse comigo?"

Bem, é isso. E eu estou produzindo uma nova história, em breve nos bites do Membrana.

Se os personagens serão "reais"? Não sei.

No final das contas, criar uma boa história fica cada vez mais difícil.

4 comentários:

Fernanda Eggers disse...

Eu gostei muito!
E tô doida pra ver Heroes, mas ainda não tive a chance. E Não conhecia nada sobre The Authority, mas agora vou me informar.

Anônimo disse...

kra muito bom!!
tipo... o massa de heroes eh q a galera ainda ta descobrindo os poderes e meio q nao sabem usar direito(p enquanto! =D).


axei bem interesante os 3 tipos q heroes q vc colocou!! totalmente difentes.
agora fico bem claro q nem 1 super-heroi da p ser comparado 1 com outro(oq muita gente faz!! ¬¬)!

tu mando muito bem!! parabens ae!! ^^

Ps:heroes ainda nao acabo a primeira temporada, paro p enquanto devido as comemoraçoes de fim de ano dos EUA e dia 22 de janeiro volta! ^^

Anônimo disse...

Eu queria me fantasiar de mulher-gato ou mulher maravilha em uma festa a fantasia...kkkkkkkkkk
Bom, não assiti Heroes, mas parece ser legal!! Se tiver chance vou ver!!

Italo disse...

Ah, claro, é sempre bom ver personagens mais humanos nos quadrinhos, filmes, enfim... em "arte". Quanto ao Authority li alguns poucas edições (quase 20 =D ). Gostei em vários pontos, mas em outros não. (talvez perto do 20 tenha ficado meio sem graça). Pra mim Authority pode ter abusado porque eles são muito overpower, quando eles mataram o "deus" aí lascou tudo! Pra mim não tem graça "heróis" assim tão poderosos. Foi aí que parei de ler. E esse comentario tá mto grande, vou parar por aqui.