"Sem braço, sem biscoito"
É Carnaval. Isso é evidente, pelas marchinhas tocando a cada esquinha, a espuma maldita nos carros estacionados nas ruas e os bêbados e motoristas loucos que já tomavam conta das ruas uma semana antes.
Esse ano eu ainda aproveitei algo. Fui para um bloco e uma festa. Cuidei de um bêbado e resolvi que estava bom. Mas para onde fugir do carnaval? Para o shopping, oras!
Lá fui eu e uma amiga, para o shopping, pensando em tomar sorvete, aproveitar o ar condicionado e xeretar as promoções. Sorvete tinha, ar condicionado também. Promoção nem se fala, eu acabei comprando meu vestido de casamento*. O grande problema é que muitas pessoas pensaram na mesmíssima coisa. E, claro, a trilha sonora era composta de marchinhas de carnaval.
Cansadas de ficar dentro do shopping, respirando ar seco e vendo gente perambular de um lado para o outro sem ouvir direito as conversas interessantes dos outros, decidimos sair do shopping e sentar num dos bancos próximos à entrada principal.
Lá estávamos nós, observando o movimento frenético de entrada e saída dos táxis até que chegam duas senhoras e duas crianças, as mulheres evidentemente brigando. Minha amiga nota e chama minha atenção. Uma das mulheres é, provavelmente, a avó das crianças. A outra devia ser a mãe. Não dá para entender muito da discussão, mas a mulher mais nova enfia a mais velha e as crianças dentro do táxi próximo a nós, gritando: "Eu fico com quem eu quiser". Ela falou isso pelo menos 3 vezes. O táxi partiu com seus 3 passageiros, a mulher, com seu vestido de sainha plissada cor-de-rosa, voltou para dentro do shopping.
Eu e minha amiga ficamos conjecturando como teria sido o resto da conversa, o que a mulher mais velha teria dito e o que havia desencadeado tal discussão. Além, claro, de um ou outro pensamento maldoso, do tipo "ela fica com quem fizer o favor de querer ficar com ela, porque pelamordedeus, ninguém merece".
Voltamos para o shopping, saímos meia hora depois, já com o intuito de irmos embora, quando a mulher do vestido rosa passa por nós, devidamente grudada num homem. Ela se posiciona ao lado de um dos bancos externos do shopping e os dois se beijam como um casal de adolescentes de 15 anos em plena Micaroa já abastecidos com uma certa quantia (talvez não muito saudável) de álcool. Pois bem, ela realmente ficou com quem queria. Ou com quem queria ficar com ela. Ainda tentei ver se ela era casada, para ver se era esse o motivo pelo qual ela e a avó das crianças brigavam, mas não tive como ver sua mãe esquerda.
Uma pena. Vocês vão ficar com a fofoca incompleta. Sei que fui embora e, ao localizar meu carro, deparei-me com uma grossa camada de espuma em todos os vidros do lado direito e em parte do vidro dianteiro. Isso me fez esquecer a vida alheia rapidinho.
* O vestido de casamento: certo dia, diante de certa loja de roupas indianas, deparei-me com um vestido belíssimo, branco, longo e muito simples, exceto por alguns bordados, também em branco. Estava com mais duas amigas e aproveitamos para entrar na loja e olhar o preço, além de dar uma olhada nas bijuterias.
O vestido era caro. Muito caro. Uma das amigas que estavam comigo disse que, se eu quisesse me casar com aquele vestido, aí sim valia a pena. Nesse momento eu olhei pra ela, para o vestido e cheguei à conclusão de que sim, me casaria usando aquele mesmo vestido. Inclusive viajei um pouco na história, já compondo os detalhes de como seria o casamento.
Não provei o vestido. Deixei-o lá e fui embora, com a certeza de que o comprariam ainda aquela semana.
Qual minha surpresa quando, duas semanas depois, entro na loja, com outra amiga e o vestido ainda está lá. Dessa vez, me fizeram provar o dito cujo. Pra quê? Pra tentar meu juízo, lógico, pois a roupa caiu tão bem quanto eu imaginava. Para minha felicidade, o preço tinha baixado e ainda havia um desconto em cima desse novo preço.
Fiz a aquisição do vestido do meu casamento de nuvens. Um vestido que provavelmente vou usar para ir a um restaurante ou uma festa numa noite quente. Melhor do que guardá-lo para um dia incerto, pois ninguém sabe se, no futuro, haverá o homem certo, a praia certa e o nascer-do-sol certo.
5 comentários:
O vestido não é um vestido de casamento de verdade. É só um vestido branco belíssimo, oras!
Se algum dia eu for me casar, o que acho difícil, provavelmente será com outr vestido, talvez ainda mais bonito que esse. Quem sabe, não é mesmo?
Hahaha, realmente existe um tripé sobre o qual o mundo feminino está fundamentado:
- falar mal das outras mulheres,
- comprar por desejo e não por necessidade, e
- desejar vestidos de casamento.
... "never fails"
;)
O vestido é lindo...já disse, neh!!
hihihihi
O vestido é lindo...já disse, neh!!
hihihihi
fernanda! adorei o texto! eu, como uma velha e ma amiga de allana nunca visitava o blog, hoje foi o primeiro dia e eu adorei! parabens, beijo!
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