para Jorge
Enquanto andava, sua sombra se alongava. O sol começava a baixar por trás daqueles muros de pedra, fazendo seus cabelos loiros parecerem mais claros, brilhando à última luz do dia. Eles escorriam quase até seus ombros, não tocando o tecido branco de seu longo vestido por poucos centímetros.O Coliseu estava vazio, nada se ouvia, exceto seus passos. Não havia gladiadores, sangue derramado, gente gritando nem imperador para autorizar a execução do perdedor. Mesmo porque não havia perdedores. Nenhum barulho vinha de fora. A cidade parecia estar vazia. Roma parecia ter morrido.
Andando pelas arquibancadas, ela não poderia saber o que acontecia lá fora, mas sentia o pesar.
Do alto, olhou para a arena vazia. O silêncio era profundo. O sol baixo dava um brilho diferente a tudo. Ela desceu, em direção ao centro da arena, os passos quebrando a solidez da quietude.
Enquanto caminhava lentamente para o centro, um homem surgiu. Coincidentemente, também usava branco, mas uma faixa de tecido vermelho cruzava o seu peito.
Ela parou, quase no meio da arena. A cabeça baixa em sinal de respeito. A figura alta, tão branca quanto ela, os cabelos negros contrastando com o resto, se aproximou. A luminosidade se tornava avermelhada.
Ele depositou uma coroa em sua cabeça. Pequena, delicada, dourada; por pouco não se confundia com o cabelo.
Ela se manteve calada, de olhos baixos, solene. Não havia pesar, ela não conseguiu identificar o novo sentimento imediatamente. Sabia que era algo bom, a não ser por uma ligeira sensação de que, talvez, não merecesse aquilo.
Os últimos raios solares fizeram tudo cintilar: a coroa, os cabelos, as roupas e o bondoso par de olhos castanhos dele.
Segurando levemente no queixo, ele levantou a cabeça dela. Seus olhos se encontraram. O sol se pôs.
3 comentários:
Simplesmente sublime.
Poético!!
Cute.
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