sexta-feira, dezembro 29, 2006

Re-começo




Crie uma nova versão de si mesmo...se reinvente.




Benditos sejam os que inventaram o calendário com inícios e finais de ano.
Não podemos negar, o dia 31 [de dezembro], por mais que seja “apenas um número” nos traz aquela sensação de final de ciclo, de “mais um ano se passou”, mais uma etapa concluída, mais quatro estações vividas [aqui no Nordeste nem tanto].
Não há nada de mal em aproveitar este dia para fazer aquelas resoluções para o próximo ano, para juntar a família e amigos em volta da mesa com Chester Perdigão, ou porco assado [para aqueles que acreditam que aves atrasam nosso ano porque ciscam para trás e porcos trazem sorte porque “fuçam” para frente].
Fazer a contagem regressiva, ver os fogos, abraçar quem gostamos, beber até cair [e não dirigir depois], prometer parar de fumar, pular sete ondas, comer lentilhas, jogar moedas para dentro da casa. Jogue fora o que te magoou e guarde apenas o que te alegrou.

E depois da meia-noite? Existe algo mais renovador que ver o início “de tudo” de novo?
É certo que você vai continuar pagando contas, tendo que trabalhar, estudar, ir ao médico fazer check-up, fazer a feira, enfrentar filas... mas você também terá mais um ano de nascer do sol [assista ao menos a um], de banhos mornos no final da noite, de amigos com os quais irá sorrir bastante, de coisas que lhe tirarão o fôlego, de filmes excitantes, de planos em longo prazo, de fotografias [tire muitas e faça um mural], de preguiça numa rede, de idas à academia, de oportunidades para alcançar o que quer, de surpresas.
Acho que a palavra que melhor define um ano que se inicia é surpresa, pois quase nada sai como planejamos, mas muitas coisas que acontecem de forma diferente são bem melhores do que imaginávamos.
Entre no novo ano com disposição e vontade de viver, encha seus pulmões com os primeiros ares de 2007 e não tenha medo da renovação. Esteja aberto às mudanças, não tenha preconceitos, faça algo diferente, saia da rotina. Você só vai viver 2007 uma única vez. Vi esta frase em algum lugar: coma a vida com uma colher grande.

Haunted



Góticos de verdade não existem. Góticos de verdade se matam.




Seus passos ecoavam pelo grande salão, enquanto seus olhos claros se perdiam nas cores renascentistas. Sabia que aquelas não eram as artes originais da construção – a igreja era bem anterior à Renascença, mas passara por tantas reformas que as paredes originais haviam se perdido. Além do mais, não seria muito bom para a Igreja Católica relembrar das barbáries cometidas da época da Inquisição.


Enquanto passeava pela grande construção de pedra sólida, pendurado na cintura um mp3 player levava música aos ouvidos da jovem Nicole. Um barulho, no entanto, se fez soar mais alto: o crepitar de chamas.
Não foi somente o barulho que fez a jovem se virar, mas também um forte cheiro de carne queimada e um calor tanto intenso quanto repentino. Para a cena que desabrochava diante dos seus olhos havia apenas duas palavras: inexplicável e assustador.

Uma fogueira imensa ardia enquanto a fumaça espiralava para o teto da construção, agora invisível pela fumaça. Uma mulher, desnuda, gritava loucamente, atada por cordas a um grande mastro de madeira. Já não se via seus pés ou joelhos, consumidos pelas chamas, e seu rosto já trazia grandes queimaduras, assim como o que restava do seu corpo. A mulher tremia e gritava tal qual um animal enjaulado, e tentava balbuciar algo em meio à tamanha agonia. Quando virou o rosto na direção de Nicole, a jovem percebeu: a mulher tivera a língua cortada.


Nicole fechava os olhos com força, e abanava as mães diante de si, na tentativa de fazer a visão desaparecer. Aquilo tinha que ser falso, afinal. Se fez gritar, até que notou que os gritos da mulher pararam, e que o calor da fogueira havia cessado. Abriu os olhos, e no mesmo momento se arrependeu de ter feito aquilo.

Viu pessoas, muitas delas. Andavam pelo salão, e pareciam ter percebido a presença da jovem. Todas elas estavam num estado deplorável – traziam várias marcas nos corpos, a maioria indizíveis. Homens, mulheres e crianças até, com marcas profundas no pescoço, as órbitas vazias e os lábios entreabertos, roxos pela falta de oxigênio. Enforcados.

E haviam outros mais – pescoços e braços quebrados, membros amputados, olhos arrancados. Andavam como podiam, ora se arrastando pelo salão, ora tropeçando. Nicole desejava correr, gritar e sair daquele lugar, sair dali e fingir que nada acontecera. Suas pernas, no entanto, não obedeciam. Estava paralisada de medo. Sua respiração faltava e sentia o corpo inteiro tremer – por mais que quisese, não conseguia sair dali. Deixou-se cair sentada no chão, encostada na parede. A inércia pelo medo era tanta que sequer baixar a cabeça conseguia – não era capaz até de desviar os olhos de tão horrenda visão.

E então desmaiou.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Os Amigos do Namorado




Quem não arrisca, não vive.



Namoro costuma ser um pacote. Claro que de início você não espera. "Adquire" o namorado sem ao menos pensar nos amigos que vêm junto, ou na família. O que, claro não é sempre ruim.

O difícil é se acostumar, claro. Um monte de gente que você não conhece e que, de repente, faz parte da sua vida. Gente que você encontra uma vez por mês, quando não semanalmente. Gente com quem você esbarrava na rua e não tinha idéia de quem era e, agora, mas pessoas para você conversar quando esbarra na rua (e pra pedir desculpas quando está atrasada e não pode nem se dar ao luxo de um "oi").

Essas pessoas conhecem seu namorado melhor do que você, afinal são amigos dele antes de você ser a namorada (o que pode ser útil na hora de dar idéias para presentes), por isso mesmo merecem ser tratados com respeito e vale o esforço para que seja estabelecido um tênue laço de afinidade.

Existem os amigos que não valem tanto a pena, claro. Tem sempre uma criatura pé-no-saco, que acha que o rapaz deve continuar vivendo como quando solteiro ou que não trata a pobre namorada direitinho. Tem aqueles que interferem no namoro. Uns querendo, outros porque são extremamente desligados. Alguns simplesmente não têm vida e não pensam que as outras pessoas ao seu redor podem ter.

Deixando de lado essas criaturas, com o passar do tempo, os amigos do namorado vão ficando mais familiares, assim como as namoradas dos amigos do namorado. Os "tênues laços" de antes vão se firmando com alguns e chega num ponto em que você pára, olha e nota: "Olha só! Eu acho que posso chamá-los de amigos!"

De repente eles não são apenas parte do pacote que você tem que aceitar. Eles já fazem parte do seu círculo social. Ou melhor: você faz parte do círculo social deles. Esse povo todinho, de repente, faz parte do seu pacote, junto com a reca de amigos que você trouxe para o relacionamento e seu namorado teve que aceitar e estabelecer algum vínculo.

Não são todas as pessoas que tem a sorte de incorporar os amigos que os namorados ou namoradas trouxeram para o relacionamento, mas, já que é fim de ano, essa é uma das coisas que desejo pra esses 365 dias que estão por vir. O seu círculo não precisa ser ampliado somente pelos amigos do seu namorado ou namorada, de onde vierem, eles são bem vindos. Mas eu desejo amigos, eles são a família que você se dá o direito de escolher.

Só me faça um favor... Escolha direitinho, tá?

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sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sites Interessantes e Canalhas Úteis



Eu adoro a humanidade, das pessoas é que não gosto.




Há algum tempo descobri esse site e uma amiga minha me falou sobre esse aqui depois. Ambos os sites são, de certa forma, de utilidade pública.

Imagina só! Você conhece um fulano, ele é legal, bonitinho, engraçado; você se interessa, mas o sexto sentido te cutuca e te diz pra não confiar muito. Aí o que você faz? Pega o nome do rapaz, o estado e manda buscar no site! Aí, se o nome dele aparecer, você agradece ao sexto sentido por ter te avisado e, se quiser algo sério, já tira o cavalibnho da chuva. Se quiser só diversão, vai, aproveita e dá um pé antes que ele possa pensar em te chutar.

Acontece que as brasileiras não levam a nossa versão do site tão a sério assim. Claro, é muito bom pra rir, mas veja só: listar um cara num site porque ele tem o pinto pequeno? Dizer que ele é um canalha porque não é bom de cama? Tadinho! Vai ver ninguém ensinou pra ele, oras!

Claro que listar o cara porque ele namora com duas é um bom motivo. Colocar o nominho dele no site porque ele é um controlador, um compulsivo-obcessivo, porque é um vagabundo e outras coisas do gênero é um serviço que se faz pra comunidade. Assim as mulheres nem perdem o tempo com quem não vale a pena. Bom , né?

Outra coisa que me chamou a atenção foi de gente sugerindo que as autoras dos "posts" fossem processadas. Só não sei como eles esperam fazer isso, porque as informações sobre elas não são verdadeiras. Mesmo que fossem, vão querer processar as mulheres que se juntam pra falar dos homens? Fofoca é crime? Porque o site funciona como um bate-papo pós-namoro entre amigas, a diferença é que atinge mais gente numa velocidade maior.

Aí eu vejo uma história duma menina apaixonada que colocou o nome do ex no site porque ele acabou com ela. Isso não faz dele um canalha. Se for assim, cada um de nós vai ter que casar e morrer junto do primeiro(a) namorado(a). Imagina só! pelo menos dá pra rir!

Bom, eu recomendo o site pela diversão. E recomendo também que as mulheres aprendam a aproveitar os canalhas como casinhos "one night stand". Pelo menos eles servem pra algo: divertir a platéia.

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domingo, dezembro 17, 2006

Saudade by mim feat. Houaiss



Todo mundo usa máscaras.




* Saudade
/ 1- sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como bem desejável.

Vim aqui para filosofar sobre este verbete do Houaiss, inspirada pelo evento de ontem (aula da saudade do meu namorado).

Cada pessoa carrega consigo uma gama de experiências, de convivências, de frustrações, de lembranças e estes elementos são alguns dos que compõem um indivíduo e fazem dele humano. Acredito que para que o ser humano seja completo (ou ao menos chegue perto disto) deve sentir esta tal incompletude da qual fala Antonio Houaiss.

A saudade é sinal de que a pessoa experenciou boas coisas, boas fases - há quem tenha saudade até mesmo de momentos difíceis, porque era jovem na época, porque tinha mais energia para lutar, porque ainda acreditava nas pessoas - boas pessoas.

Você pode querer voltar ao passado para recordar tudo isto - quem nunca desejou retornar por um dia ao colégio antigo, à casa da infância, ao programa familiar feito quando a família era maior e você menor? - só não queira viver preso ao passado como se este fosse sempre melhor que o presente, entenda que o que você é hoje é resultado de todas estas experiências e lembranças, que elas fazem parte de você e que o que você vive hoje contribui para o que será amanhã.

Olhar para trás e sorrir ao lembrar de uma queda na calçada de casa brincando de pega-pega; lembrar nitidamente do cheiro do avô que contava histórias e não está mais aqui; ver uma antiga fotografia em que você estava mais gordo, brega e mesmo assim sorridente; ouvir aquela música que seu pai ouvia nos domingos de manhã quando você era criança; lembrar da roupa que usava e do quanto estava nervoso ao encontrar a namoradinha virtual; recordar os 2 ovos por dia que comia quando tinha 12 anos e ainda não tinha colesterol alto; rir das coisas que antigamente te fizeram chorar.

Sentir esta tal incompletude é normal de quem vive e viveu.

Acredito que se alguém passa pela vida sem sentir saudades... ou nunca teve nada ou nunca amou o que teve.



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sexta-feira, dezembro 15, 2006

Enquete



Eu adoro a humanidade, das pessoas é que não gosto.




Vou linkar o texto inteiro para a nossa enquete.

Nós, do
Membrana Seletiva, gostaríamos de saber o que vocês acham do nosso blog.

Basta clicar em qualquer canto do texto (menos n
o nome do blog, nesse caso vcs serão redirecionados à página principal) e dar sua opinião. Olha que legal! O Membrana é interativo! =D

Mas só até o dia 31/12. Ano novo, cara nova! =D

Obrigada a todos, Feliz Natal, Ano Novo,
Hanukkah, festa da colheita, Samain... Bom, Boas Festas!

Perguntas a se fazer para Deus quando morrer.



E a reforma do Sistema Solar veio antes da política.




1. Capitu traiu Bentinho?


Óbvio que essa vai ser a minha primeira pergunta que eu vou fazer a Deus quando eu morrer. Isso se eu for para o Céu, obviamente. Não creio que ande sendo uma boa menina.
Quem me garante, no entanto, que Machado de Assis vai estar no céu? Ou pior: quem me garante que Deus vai ter a resposta a essa pergunta? Acho que quando Machado morreu, Deus chegou a perguntar e o nosso realista se negou peremptoriamente a responder. Daí Deus abriu aquele alçapão e disse: "Que o diabo te carregue, filho da mãe!".

É... acho que essa eu não vou saber nem quando eu morrer.

2. Finalmente, Jesus deu uns pegas em Maria Madalena?

Sabe, eu nunca vi nada de errado na relação dos dois. Jesus era um cara bacana, Maria vendia o corpo para sobreviver, e... bem, ele se apiedou dela, deu roupa, comida, e ela se apaixonou. E antes de qualquer coisa, Jesus era judeu. Os judeus não pregam, até onde eu saiba, o voto de castidade. Acho que fariam um belo casal.

Na minha opinião, Pedro era apaixonado por Jesus e ficou colocando terra no namoro dos dois. Aí Jesus morreu, Pedro deu uma de bonzão e fundou a Igreja Católica, e Maria ficou mal falada por toda a eternidade. Tsc.

3. Por que todo herói veste cueca por cima da calça?

Tá, tudo bem, não são todos. Mas principalmente os cinqüentões. O Superman, o Batman, o Lanterna Verde... eu nem falo dos colantes, porque tudo não passa de masturbação do ego dos desenhistas, que querem posar como grandes conhecedores de anatomia masculina. Como se isso fosse um grande mérito.

4. Por que o canudo é menor que a garrafa?

Eu não sei com vocês, mas quando eu tomo um refrigerante naquelas clássicas garrafinhas de vidro, sempre tenho que ficar catando o resto do refrigerante, uma vez que o canudo nunca alcança o "chão" da garrafa. Quando eu morrer, vou sugerir que ele mande um padrão para todas as fábricas de canudo, e que eles sejam maiores que as benditas garrafas.

5. Por que a laranja (fruta) se chama laranja (cor)? E porque o limão não se chama verde?

Essa sempre me inquietou. Oras, a laranja (com exceção da tangerina, que não é exatamente laranja) não é laranja, afinal! Ela é verde, e quando madura, fica amarela. Mas não laranja. Nem o suco da laranja é laranja!

Mas seguindo o princípio: porque o limão, que também é fruta cítrica, também não se chama verde? Afinal o limão é verde em todos os seus estágios (a não ser quando está podre, que fica num tom entre o marrom e o verde escuro).

Espero que Deus não se incomode com as minhas perguntas.

No Palco



Eu adoro a humanidade, das pessoas é que não gosto.




Ah, o palco. Local fascinante. Fico pensando no que ele diria se falasse. Teria tantas histórias, boas, ruins e engraçadas pra contar! Algumas constrangedoras, claro. E reclamaria um bocado do peso que colocam sobre ele.

Esse fim de semana um certo palco tem muito o que contar. Tem criancinhas dançando, dando tchauzinho e chorando, tem criancinhas maiores com florzinhas despregando das roupas. Tem patinhos, cisnes, formigas, lendas gregas e tupiniquins. Tem até a busca pela mulher perfeita, que, acredite, está no mar. Tudo isso com muita música, passos ensaiados à exaustão, suor, lágrimos (poucas) e risos (muitos).

Se o palco tem o que contar, imagina quem está sobre ele! Porque se apresentar pra uma mulditão de desconhecidos (e alguns conhecidos) é emocionante. Tanto que teve formiguinha chorando, patinho olhando pros lados, gente de tudo quanto é lado tremendo, esquecendo a coreografia e se desequilibrando levemente.

E tudo isso é absolutamente compreensível. Principalmente pra marinheira de primeira viagem aqui. Se apresentar deve ser viciante. Há uma expectativa, uma apreensão, depois vem o nervosismo e, por fim, a descarga de adrealina quando a música começa. Hora de entrar.

De repente, já não lembrava mais a coreografia, mas não importava. De certo modo, a música me guiava e sabia exatamente o que fazer, para onde ir, para onde pisar, qual o giro e qual a hora de parar. E a multidão desconhecida ali na frente já não causava medo.

E mesmo com os deslizes, o público aplaudiu quando nos retiramos, eles devem ter gostado no fim das contas. E vem o alívio, a satisfação e um sorriso desse tamanho. E daí se tremi, me desequilibrei, se a coreografia não saiu perfeita em cada detalhe? Todas saímos do palco inteiras, ninguém notou os erros e tudo acabou bem.

E isso é só o dia 1.

Um palco, um teatro, uma apresentação.
Detalhes aqui.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Heróis. Com H maiúsculo.



E a reforma do sistema solar veio antes da política.




Hoje eu assisti ao último episódio da primeira temporada de Heroes, série que trata, como podemos notar, de pessoas dotadas de super poderes. Não se trata de um X-men live action, muito pelo contrário. Os personagens são bem desenvolvidos, e a trama é apresentada no melhor estilo "aos pedaços". Esse, no entanto, não é o ponto.

Podemos notar uma mudança drástica nos heróis criados recentemente. E eu não falo dos colantes coloridos (porque, aparentemente, isso permanece, principalmente com heroínas siliconadas), mas sim das atitudes dos personagens. O clássico Superman é o típico bom moço, que salva mocinhas caindo de prédios e tem um grande ponto fraco. Creio que eu não precise recorrer ao Capitão Marvel, e aos outros inúmeros personagens que usam uniformes berrantes. Personagens completamente previsíveis, que hesitam diante de um grande vilão. Personagens irreais.

Não irreais do ponto em que são fictícios, mas irreais visto que pessoas normais não agiriam assim. Ah, mas você me diz: "eles não são normais". Todo herói é, antes de tudo, humano. O nosso azulão era um estudante caipira de uma cidadezinha no meio do nada; o Bruce Wayne teve os pais assassinados quando saiam do teatro; o Homem Aranha era um estudante zé-ruela apaixonado pela garota ruiva que morava no fim da rua, e por aí vai.

Exemplo de heróis contemporâneos? The Authority. Vocês podem encontrar mais informações aqui. Eles são personagens que são, primeiramente, humanos. Arrogantes, cheios de si, e, principalmente, eles têm raiva. Apolo, um dos personagens mais poderosos do grupo, quando realmente explode, alguém sai com um braço quebrado. O roteiro é construído de maneira diferente - não só pela narrativa, mas pelos temas. Basta mencionar uma side-history, que não vai trazer spoiler nenhum: o gibi começa com um monstro saído das meninas-superpoderosas atacando uma cidade genérica, acho que na Índia. A pancadaria está rolando solta, e o tal monstro está prestes a comer todo o grupo, quando o "mago" do grupo, o Doutor, descobre que o tal monstro é na verdade um menino de 10 anos que, cansado de ver o pai bêbado bater na mãe, despertou super poderes que o transformaram no tal monstro. Matou o pai e, assustado, o menino saiu correndo pela cidade, matando pessoas.

O que o Superman faria em um momento como esses? Ou o Homem Aranha? Seriam eles expostos a uma situação como essa?

Bem, o The Authority fez o que foi necessário: o mago invadiu a mente do guri, tomou a forma do pai dele, e começou a brigar com o menino, como o pai faria. O resultado? O cérebro do menino virou gelatina, e ele ficou deitado em cima de uma cama pro resto da vida.

Confesso que quando eu li esse número, fechei o programa e tentei dormir. Só tentei, não consegui. "Como eles fizeram aquilo? COMO?"

Os quadrinhos, tal qual a literatura, tal qual o cinema, tal qual a arte em geral, são produtos da época. Hoje em dia os personagens clássicos (Deus, como eu esqueci o Capitão América?)
ficam simplesmente deslocados, irreais, para o gosto do público. Por que o Homem Aranha faz tanto sucesso? Um cara frustrado sexualmente, que usa óculos de fundo de garrafa, estudante, que mora em Nova Iorque. Confessemos, essa é a situação de muitos nerds americanos, maioria esmagadora no mercado de quadrinhos. Em suma, o público se identifica, e questiona as situações nas quais os personagens são postas. Essa é a tendência atual da indústria da arte. Histórias que questionam. Que nos fazem pensar: "Caramba, e se fosse comigo?"

Bem, é isso. E eu estou produzindo uma nova história, em breve nos bites do Membrana.

Se os personagens serão "reais"? Não sei.

No final das contas, criar uma boa história fica cada vez mais difícil.

São Paulo Limpa ?

Acho que todos nós conhecemos a cidade de São Paulo. Muitos não a conhecem pessoalmente, mas já viram fotos ou já ouviram falar. E a memória que a maior parte das pessoas têm é de uma cidade cinza, sem-graça, pichada e cheia de outdoors.

Oras, os centros empresariais são cinzas e sem-graça, mas acho que em qualquer cidade é assim. A periferia também é cinza e sem-graça, como qualquer outra. Mas há parques, há áreas verdes e há bairros residenciais que são a coisa mais linda! Estive lá esse ano, posso dizer. Mas não estou aqui para defender a cidade de sua "cinzentudez" e "sem-gracice", mesmo porque não há necessidade. Toda cidade tem uma área assim.

Mas sabe os zilhões de outdoors, panfletos e etc? Pois é. Foram proibidos por lá! E eu acho legal! Não tem coisa que eu mais ache chato do que andar na rua e um moleque enfiar um panfleto na minha cara, que ele jogará no chão se eu não pegar e eu jogarei no lixo sem nem ao menos olhar, se eu pegar. É desperdício de papel e causa uma poluição grande. Assim como zilhões de outdoors causam poluição visual.

Veja bem, estou falando isso porque eles não se contentam em colocar os outdoors nos lados das ruas. Eles os colocam em cada buraco que consigam achar. É chato. Imagina, você sai de casa para dar uma caminhada matinal numa pracinha e ao invés de se deparar com plantas, com outras pessoas caminhando, levando seus cães pra passear e outras coisas triviais de caminhadas às 4h da manhã, você é logo bombardeado por propagandas e ofertas e modelos semi-nuas e extremamente maquiadas e retocadas por photoshop para anunciar uma calça jeans. Ou uma sex-shop.

Uma coisa que eu acho: as propagandas nos relógios-termômetro espalhados pela cidade deceriam permanecer. Mesmo porque eu achava uma graça sair do apartamento da minha avó e passar por vários deles, cada um com um personagem diferente de Carros piscando pra mim e me dizendo que são 8h da manhã e fazem 16 ºC.

*Estive em SP em julho, só para explicar.*

Acho bom eliminarem grande parte da poluição visual da cidade. Os publicitários que tratem de bolar propagandas mais eficientes e chamativas para jornais, revistas e televisão. De repente poderiam exibir telões dentro dos inúmeros shopping centers da cidade, fazendo propaganda das lojas (sem som, por favor). Quer lugar melhor pra dizer "compre" pras pessoas do que dentro de um centro de consumo?

Agora só falta cuidarem melhor das aparências dos prédios, praças, jardins adotados...



Para ver a matéria, clique aqui ou então aqui e procure o arquivo com o nome "sao_paulo".


Catedral da Sé, São Paulo - SP

sábado, dezembro 09, 2006

O Cravo e A Rosa

O Cravo não brigou com a Rosa. Isso é balela. De vez em quando talvez ele tenha vontade. Ela também, mas ele é um Cravo calmo e ela está conseguindo controlar seu lado explosivo. Nada de sacadas envolvidas, essas coisas são perigosas.

A parte de feridos e despetalados é verdade, mas é o inverso. Ele anda se despetalando, às vezes com besteiras. Ela está ferida, mas não deixa ninguém saber. Também não sabe explicar exatamente porquê ou onde está ferida. Coisas de mulher, é complicado.

O Cravo realmente ficou doente, mas foi depois da Rosa. A Rosa adoeceu primeiro, mas inquieta do jeito que é não quis saber de ficar em casa. O Cravo foi visitar e ela fez com que ele a levasse para passear. No passeio ela teve alterações de humor extremas que acha que ninguém notou. Além de alterações no estado de saúde, porque ela melhorou, depois piorou, aí melhorou de novo... Já viu, né? Mas fazer o quê?!? Essa Rosa não sabe ficar quieta, precisa de atenção mas precisa também que o ar circule. Não é como a Rosa Branca, aquela Rosa calma de voz suave que se desmancha ao primeiro toque.

Enfim a Rosa ficou quase boa. Aí então o Cravo ficou doente e foi a vez da Rosa visitar. O Cravo passou mal e estava semi-consciente e a Rosa, que não é adepta disso de chorar por qualquer coisa, tirou sua temperatura, fez o que podia fazer (que era únicamente verificar se ele estava confortável) e foi embora, assim o Cravo poderia descansar em paz e ela também.

Daqui a pouco ambos estarão em suas condições normais. A Rosa ferida sem saber como explicar e o Cravo despetalando-se enquanto a Rosa tenta mostrar que não precisa disso tudo. A Rosa pensando como seria se ela fosse um Girassol, só na boa, deixando o Sol guiá-la, e o Cravo olhando pra Rosa Vermelha ao seu lado, de quem ainda gostava apesar das pontas das pétalas meio queimadas, mas pensando como seria se a imaculada Rosa Branca estivesse plantada ao seu lado.

Felizmente uma nova Estação está por vir. Novas Estações costumam consertar as coisas. Vamos ver se essa trás alguma animação e alguma decisão para esse jardim estranho.




terça-feira, dezembro 05, 2006

Um Dia de Formiga

Os humanos são seres estranhos. Eles sempre deixam alguma comida disponível para nós, mas nos matam assim que nos vêem. Sendo assim, temos fugido desses seres, procurando a comida que eles nos oferecem apenas quando não estão por perto.

Uma noite dessas reuni meu batalhão e após verificar aquele cômodo que os humanos chamam de cozinha e me certificar de que estava vazio, marchamos em direção às empadas que deixaram para nós em cima da Caixa Branca. Estavamos, eu e minhas companheiras, juntando pedaços para levarmos para nossas casas quando um humano chegou.

Era um humano fêmea, penso eu, que nos viu e tentou evitar que juntássemos nossa cota de comida, fechando as empadas num pote de um material que não conseguíamos atravessar. A maioria das minhas companheiras escapou. Eu fiquei, com algumas outras.

O tal pote começou a esfriar de repente. Foi esfriando mais e mais e mais e decidimos que o melhor seria ficarmos o mais quietas possível e suspender qualquer atividade no nosso corpo. Quem sabe assim sobreviveríamos.

Passaram-se horas intermináveis. Talvez dias, quem sabe? Eu estava dormindo, não posso ter certeza de nada. De repente, o pote começou a esquentar. Esquentava cada vez mais. Várias de minhas colegas morreram no processo. O pote não estava mais fechado e pude ver que a mesma humana que nos prendera ali havia nos colocado na Caixa Branca e agora nos tirava dela. Pouco a pouco as colegas vivas foram despertando. Cada uma de nós que acordava tentava se comunicar com uma que ainda dormia. mexiamo-nos lentamente e acho que a humana notou isso.

A humana separou nosso alimento de nós e levou-o embora. Nós ficamos no pote, tentando decidir o que faríamos com as amigas mortas e como sairíamos dali. Algumas queriam ficar. Acreditavam que logo haveria alimento no pote, mas eu e outras três achamos perigoso e fomos embora. Bem a tempo, devo dizer, pois o pote foi enchido de água e presenciei a morte de quase todo o resto do batalhão naquela piscina maldita.

Devo avisar a toda a Comunidade Formiga. Esses humanos estão zombando de nós e preparando diferentes técnicas d tortura. Já viram que sobrevivemos ao frio e ao calor, ainda que com dificuldade. Daqui a pouco acharão uma forma eficaz, lenta e dolorosa para nos matar, além do afogamento. Devemos nos preparar para a batalha e atacarmos o quanto antes.


quarta-feira, novembro 22, 2006

Modalogia

" A moda verão 06/07 desse ano (sic) vai ser repleta de brilho, especialmente o prata."

Essa foi a frase de um estilista brasileiro que eu devo ter visto ou lido em algum canto, mas isso pouco importa. Soou para mim como as previsões da moça do tempo: "No nordeste, a temperatura sobe, mas uma corrente vinda do sul fará com que haja pancadas de chuva durante a tarde".

Os metereologistas tem como prever isso. Eles tem como dizer que o verão 06/07 desse ano será quente pra caramba, que vai chover um bocado e que a gente se prepare, porque o verão 07/08 do ano que vem será ainda pior. Existe algo para medir o clima, as correntes de ar e outras presepadas metereológicas, mas moda?!?

Ninguém "mede" a moda, quem a inventa (se bem que hoje em dia não se inventa mais nada, só se copia) são os próprios estilistas. Eles se sentam numa mesa, no meio de um furacão de tecidos, modelagens, estampas e o escambáu, pensam no que é que faz tempo que não aparece nas passarelas, fazem uma "releitura" e saem nos jornais, revistas de moda, tv e internet dizendo:

"Olha, a tendência do verão XX/YY desse ano é essa, benhê."

Como se tivessem usado algum aparelhinho miraculoso pra saber o que todas as pessoas querem usar no verão ou inverno.

Pra mim, os principais estilistas e donos de grife do mundo se reúnem uma vez por ano numa ilha remota e debatem tudo o que vão lançar. Decidem lançar uma moda retrô-anos-50 no outono, se dividem entre babados vitorianos e estilo militar no inverno, resolvem que a primavera vai ser retrô de novo, só que anos 60 e 70 dessa vez e no verão, tecidos leves e brilho, "principalmente prata".

Pronto! A moda 2006 está feita! A essa altura, eles devem estar se reunindo pra ver como é que eles vão fazer com que nós gastemos mais dinheiro numa moda totalmente diferente. Será que vamos resgatar pessas do armário de nossas mães ou de nossas avós, dessa vez?

Talvez nos façam gastar nosso dinheiro com academia. Tô vendo a hora de pararem de produzir qualquer coisa com numeração maior do que 38.


domingo, novembro 19, 2006

Sobre bebês e cachorros

Cachorro e bebê, o bom é o dos outros.

Cachorro dos outros não dá trabalho, não urina no chão do seu quarto, você não precisa alimentar, dar água ou pagar pet shop pra cuidar do bicho enquanto você viaja. Cachorro dos outros chega, faz uma graça, chama atenção e você fica ali dizendo como é bonito, como é esperto, brinca um pouquinho com o bicho, faz um carinho e quando ele começa a aperrear, o anfitrião leva o animal embora.

Quer coisa melhor? Só as vantagens, nenhum dos aperreios! Nenhuma conta de veterinário ou pet shop, nada de ficar checando a data das vacinas ou ficar aperreado porque o bicho espirrou e pode estar doente. Cachorro dos outros não come os seus sapatos, não rouba seu sanduíche, não baba sua calça nova e não fica chorando porque não pode dormir no seu quarto.

Bebê é mais ou menos a mesma coisa. Bebês são aquelas coisinhas lindas e meigas, descobrindo o mundo, aprendendo a andar e rindo porque alguém fez "bilu-bilu".

No entanto, bebês choram. Bebês pedem comida a cada 3 horas. Bebês não tem como se comunicar com o mundo a não ser rindo, chorando ou enfiando algo na boca, pra ver o que é. Bebês têm essa mania horrível de conhecer o mundo com a boca, o que deixa os pais bastante preocupados.

Bebês precisam de cuidados especiais, precisam de atenção "24/7"*, precisam de babás de vez em quando e crescem numa velocidade vertiginosa, a cada mês precisam de roupas novas, porque as antigas já não cabem.

Bebês e cachorros são umas gracinhas, mas cuidar deles "é peso".


* "twenty-four, seven", quer dizer 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Que bonitinhos... Até parece que sempre são esses anjinhos!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Beringela

A culpa é dos indianos.

Claro, algo de bom eles fizeram. Uma cultura misteriosa, sobre a qual vale a pena ter algum conhecimento, sedas, molho curry... Mas tinham que "inventar" a beringela?

A Wikipédia me disse que a maldita é da mesma família da batata e do tomate, mas eu me recuso a acreditar. Batata é bom. Tomate é bom. Ambos são gostosos e um não tem nada a ver com o outro.

Veja bem: batata é um tubérculo; dependendo do tipo de batata, é um caule ou uma raiz. A batata-doce não tem nada a ver com a batatinha nossa de cada dia, então ela não está inclusa nos SEIS espécies diferentes de batatas existentes. E agradeça aos peruanos por essa maravilha, que salvou um país inteiro da Peste Negra, dá muito dinheiro aos fast-foods e alimenta uma penca de gente há 7.000 anos.

Tomate é fruta. Não importa se está na salada, e não no fruteiro, junto com as maçãs, bananas e laranjas. É fruta do mesmo jeito. Uma fruta meio estranha, esse tomate, pra falar a verdade. Duvido que alguém vá fazer o lanchinho da tarde e pegue um tomate ao invés de uma maçã e o leve diretamente para a boca. E por mais que suco de tomate exista, ele é salgado, e não doce.

Mas voltando à beringela, a Wikipédia ainda me disse que ela é parente do pimentão. Também acho difícil, mas talvez sejam mais próximos do que o tomate ou a batata. Se bem que a culpa pelo pimentão não é dos indianos, é dos mexicanos.

Parente ou não parente, beringela é ruim. Beringela não apenas é ruim como cheira mal. E eu acredito que ela não seja ruim só de gosto, ela tem uma personalidade malévola. Dê espaço a elas e elas se juntam às vacas e à TimesWarner e dominam o mundo!

Aí me diz: pra que diabos os indianos inventaram isso? Porque acharam a planta bonitinha. Imagina! Foram cultivar a beringela como planta ornamental. Aí descobriram que dava pra comer e lascou tudo! Inventaram de fazer pratos com beringela, passaram a seduzir as pessoas, dizendo que aquilo era bom, criaram um tipo de propaganda que os nazistas usaram mais tarde e BUM! O mundo passou a acreditar na beringela, com sua cara de alienígena, e no seu sabor.

Aí o que acontece? Hoje em dia se faz beringela grelhada, assada, com carne, recheada... Até com chocolate! Nem o chocolate foi páreo para a beringela! Assim, elas foram dominando o mundo, de forma mais sutil que todo o resto. Daqui a pouco o mundo será governado por elas, aí quero ver!

Não queria contar, mas os indianos não chegaram sozinhos à conclusão de que seria bom divulgar a beringela. A idéia foi delas. mas eles não estão redimidos da culpa. Ninguém mandou que eles plnatassem beringela por tudo que é lado!


Eca!!!

segunda-feira, novembro 13, 2006

Invasão

Aula num colégio particular, logo após o intervalo. O professor sem graça fala sobre um assunto sem nexo para um bando de alunos sem interesse, que prontamente ignoram o pobre homem a sua frente.

Para azar desse e dos outros professores, bem como a coordenação, há uma queda de energia, deixando as salas de aula sem luz ou ar-condicionado. A gritaria começa e os alunos se esparramam pelos corredores protestando contra a possibilidade de assistir aula numa sala quente, mais do que felizes pela desculpa que o acidente lhes ofereceu para que corressem, gritassem e enlouquecessem aqueles que, supostamente, são responsáveis pelos alunos dentro de um colégio.

Após quase uma hora, os inspetores e coordenadores conseguiram colocar a maior parte dos alunos para dentro de sala. Abriram as janelas e a aula prosseguiu, não do mesmo professor chato, mas de outro; que não deixava o primeiro para trás em matéria de assunto tedioso.

De uma das janelas surgiu uma borboleta de asas azuis e amarelas. Uma garota no fundo da sala notou a entrada do inseto e passou a observá-lo. Daqui a pouco entram mais algumas e em poucos minutos são cinco passeando pela sala e indo em direção a porta, como se quisessem visitar o colégio. Não bastassem borboletas, pássaros resolveram que aquela instituição era um lugar muito legal de se conhecer. Vieram aos montes! Aglomeravam-se no teto e faziam um barulho desgraçado, todos piando ao mesmo tempo. Umas duas abelhinhas curiosas acabaram sendo arrastadas por eles e, no meio da confusão, atacaram o professor! Horrorizado com toda a confusão e com a dor de ser ferroado na testa e na bochecha, pouco abaixo do olho esquerdo, saiu gritando pelos corredores!

Os pássaros se manifestaram aumentando o barulho, sujando as salas, seguindo para as outras, bloqueando a visão das pessoas e espalhando penas por aí! As borboletas eram muito sensíveis para essa bagunça toda e foram embora o mais rápido possível!

Lá embaixo, elas observavam tudo. Esperavam pacientemente que o caos se instalasse e as pessoas estivessem atordoadas, sem saber o que pensar. Escalaram as janelas e invadiram as salas. A medida que entraram, expulsaram os pássaros, fecharam as janelas e renderam todos.

Aquilo era um protesto, explicava a vaca comandante de toda a invasão, contra os fazendeiros e ordenhadores, pelos abusos que cometiam contra esses pobres mamíferos! Quem se mexesse, levava leite na cara!

Mais uma vez soa o toque, ecoando naquele silêncio. A menina acorda. Hora de ir para casa. O professor guarda suas coisas calmamente enquanto a turba de alunos corre ao seu redor. A borboleta continua pousada tranqüilamente no parapeito da janela.

domingo, novembro 12, 2006

Na Terapia

- Reconheço que tenho um problema, doutor.

- Humhum.

"Aleluia!” Pensa o pobre coitado do psicólogo. Há dois anos aquele jovem o visitava semanalmente, por imposição da mãe, e jamais admitiu ter qualquer problema. Finalmente iria dizer que era excessivamente tímido e introvertido, tinha problemas com sua altura, dificuldade para se comunicar com os outros e conflitos com o pai.

- Vacas.

- Como?

- Estou obcecado pelas vacas!

- Como assim? Que tipo de vaca?

- Todo tipo de vaca! Malhadas, leiteiras, com chifres, sem chifres, gordas, magras... Até vacas de desenho animado!

-Prossiga.

O terapeuta esperava outra confissão do garoto, é verdade. Mas se ele estava a fim de falar sobre vacas, que falasse. Quem sabe isso não revelaria algo a mais sobre ele? Talvez tivesse algum trauma de infância.

- Há mais de um mês sonho com elas. Às vezes é uma coisa simples: as vacas pastando em colinas verdes, mugindo, os bezerrinhos mamando. Já sonhei com vacas pulando cerca, como se fossem ovelhas. Vacas vestidas, indo trabalhar.

- Certo. Me conte com calma, não precisa se exaltar.

- Ontem sonhei com vacas carnívoras, que comiam carne de humanos. Os humanos eram o gado, entende? E as vacas dominavam o mundo.

- Você vê essas vacas só em sonhos?

- É. Não. Bom, encontrei uma vaca na rua, ontem. Era uma vaca comum, tava pastando num dos terrenos baldios, perto da minha casa. Você sabe, eu moro num bairro distante, pouco povoado...

- Qual a impressão que a vaca lhe causou?

- Ela falou comigo, doutor! – O paciente estava de olhos arregalados, como se tivesse acabado de ouvir a vaca falar. – Ela disse que nosso fim está próximo e que hoje elas vão explodir o empresarial mais importante da cidade!

O empresarial, óbvio, era aquele onde se encontrava o consultório.

O psicólogo estava preocupado com o garoto. Iria encaminhá-lo a um psiquiatra e pedir exames de sangue e urina, para ter certeza de que ele não estava usando alucinógenos.

Antes que pudesse dirigir novamente a palavra ao seu paciente, o jovem transtornado saltou da cadeira, gritando, e correu para fora do consultório. Iria tentar alcançar a segurança das ruas pela escadaria de incêndio.

Quem olhasse pelas janelas voltadas para o leste, poderia ver vacas saltando de pára-quedas, com granadas nas patas, que elas atiravam para dentro do edifício, quebrando as vidraças.

sábado, novembro 11, 2006

Finados 2006 - Parte Final

E inicia-se o domingo! O sol brilha, os pássaros cantam, os Smurfs saem de suas tocas cantando músicas toscas... ahm, ok, isso ainda é produto do meu sono.

Que tipo de gente acorda cedo no domingo? Eu, claro. Que tipo de gente acorda cedo pra pegar um ônibus pra Epitácio, pegar outro para Intermares, e não é para curtir um sol, e sim para preparar um seminário? Eu, claro.


Acordo, tomo um banho, como um pão assado com água, tomo minha colherada de mel (minha garganta pela manhã é inútil, principalmente aos domingos. Acho que ela também quer descansar) e segui para o ponto de ônibus. Não antes de passar protetor solar no rosto, graças a um pressentimento sobrenatural que apoderou-se de mim. Algo me dizia que eu iria precisar disso. Claro, peguei os óculos escuros emprestados do meu irmão, esquecendo, por um momento, que eu sou míope. Dez minutos, Vinte minutos... Ahn, eu acho que aquilo é o Geisel-Epitácio... ah, é sim.

E lá estou eu, num belo domingo ensolarado, na Epitácio Pessoa, de óculos escuros sem grau. E isso quase me fez perder o ônibus, mas isso são detalhes. Subi, fui assaltada pelo cobrador (R$ 1,60 por uma viagem para uma cidade satélite é um assalto) e me sentei. Meu ponto de referência? Primeira parada depois do antigo Water Park.

Impossível perder a parada, oras. Só passar as ruínas do Water Park. E o caminho se segue, fazendo turismo pela orla de João Pessoa, Bessa, e adjacências. Bem, eu acho que isso daqui é Intermares. Ah, sim, é. Quando os bares e cabeleireiros começam a ter nomes como "Intermares Bar", ou "Intermares Hair", eu sei que estou em intermares.

E vai seguindo, seguindo, e nada de achar aqueles toboáguas abandonados. Que coisa mais idiota fazer um parque aquático numa cidade litorânea! É quase como ter piscina numa casa de praia. Afinal, com um mar ENORME na sua frente, tomar banho de piscina é a coisa mais esdrúxula que existe. Até que o ônibus faz uma curva, rumando para a infame BR. Moço, eu passei demais da parada do Water Park? Ah, passei, foi? Tá, brigada...

Acho idiota o sistema de ônibus de Cabedelo. A saída é na parte de trás do ônibus, de modo que você anda contra o sentido do ônibus. Eu quase caí pelo menos umas duas vezes. Mas bem, desci, e gastei meus parcos créditos. Germana, querida, estou perdida. Em algum lugar do Poço, é. Ah, vou ter que ir voltando, é? Tá bom...

E voltei. Sobre areias avermelhadas e sob um sol capaz de fritar um ovo na minha cabeça, eu voltei. E foram os 30 minutos de caminhada mais demorados da minha vida. Suada, fedendo, irritada e cega diante de tanta luz, cheguei na casa dela. A dona da casa acabava de sair do banho, depois de uma bela noite de sono, e foi tomar café. Tomei café pela segunda vez, me re-hidratei, e perguntei da outra menina do grupo.

- Shuane? Não chegou ainda não...

E veja a hora que ela me chega: 10:40. Feliz, não? Paciência, paciência. Caraca, que piscina atraente. Ah, se eu tivesse trazido um biquíni... agora eu entendo porque as pessoas têm piscina mesmo morando a 20m da praia. Preguiça.

- Bem, Germana não leu o assunto porque ela não tinha. Lesse, Shuane?
- Li não, não vou mentir...

Aquilo realmente me irritou. Já não basta a pilantra (usando um termo alheio, com a devida não-autorização) se escorar em mim o curso inteiro, eu vou ter que fazer a porcaria do seminário sozinha? É, tudo bem, é nisso que dá ser otária. Relaxe, relaxe, conte até 10... até 20... até 29. Tá bom. Acalmou? Ótimo. Vamos cuidar do seminário.

E até às 18:40, ficamos sentadas, diante do computador, conversando mais besteira que fazendo o seminário. Almoçei um macarrão-chiclete, com mais catchup e queijo ralado que macarrão (como eu odeio macarrão), e um refresco muito ruim, que deveria ser de guaraná. Normal, normal. Ninguém faz almoço dia de domingo, quando os pais não estão em casa. Agora eu vejo uma utilidade maior para a piscina numa casa a 30 metros da praia: afogar colegas de turma.

A tarde se passa, mais falação de besteira, mais cansaço, e eu realmente estava me sentindo uma porca. Findo o trabalho, inicia-se a volta para casa. Eu tinha algo marcado para esse domingo, não tinha? Tinha sim, o que era...? Ah, claro. Um rodízio de pizza. Com uns amigos do Cefet, onde cursei o Ensino Médio. É, eu mal tenho dinheiro pra passagem, quanto mais prum rodízio? E eu não vou entrar na pizzaria de regata fedorenta, chinela havaiana que um dia foi branca, e a bolsa pesada como estava. Fui pra casa, tomei um banho e me senti como se tivesse passado o dia na praia: completamente ardida.

Advinhem? Ainda guardo o bronzeado da minha regata. =D

E aqui se findam minhas desventuras no feriado de Finados.

Vou ver se até amanhã posto um texto decente, só pra tirar essa tosqueira. =D

A Vaca

- Tio! Você sabe desenhar bicho?

- Sei.

- Qualquer bicho?

- Qualquer bicho. Você quer que eu desenhe um pra você?

- Quero! Desenha uma vaca!

- Certo.

O tio esperava que a menina pedisse um gatinho, borboleta, coelhinho; essas coisinhas fofinhas que menininhas sempre pedem. De qualquer modo, que mal haveria em desenhar uma vaca?

- Amarela. E com a barriga rosa. E não uma vaca de verdade, desenha ela em pé, com os braços abertos.

E ele começou a desenhar a vaca para sua sobrinha. Quis fazer no estilo de desenho animado, porém a menina protestou. Não queria uma vaca de verdade, mas também não queria que fosse tão de mentira assim.

- E esse nariz?

- O que tem o nariz?

- Faz mais redondo. Assim, como uma tomada. E o chifre tá muito grande!

- Então você quer um focinho de porco numa vaca mocha?

- O que quer dizer mocha, tio?

- Que não tem chifres. Vou diminuir o dela, tá bom? Tem certeza quanto ao nariz?

- Daqui a pouco eu vejo isso. Faz um óculos desses de motorista de avião!

- Um óculos de piloto de avião. Na vaca.

- É! Nos olhos dela!

O tio se surpreendera com a fertilidade da imaginação de sua sobrinha. Mas se ela queria uma vaca amarela e rosa, mocha, com fuça de porco e óculos de aviador, por que não?

- Agora desenha a mochila, tio!

- Que mochila?

- A do pára-quedas, né? Ela tá no céu!

- Mochila do pára-quedas!?! ...

- É, essa vaca não voa, só a do desenho animado que passa da tv é que sabe. Faz o pára-quedas aberto, senão ela se esborracha.

Cega a vaca não ficaria, afinal já tinha os óculos! Ele riu da criatividade da menina! Quem sabe não a chamaria para ajudá-lo, quando precisasse ilustrar um livro infantil? E deu à vaca um pára-quedas vermelho.

- Mas... vermelho? Não combina com os óculos!

- Ah, não?

- Não! Os óculos são azuis!

- Você não acha que, com os óculos azuis, o pára-quedas azul e o céu azul, vai ficar tudo azul demais?

- Mas o céu não é azul.

- Não?!

- Não. Ela tá saltando ao pôr-do-sol; tem que ser rosa. E laranja; e vermelho; e lilás!

- E a barriga da vaca?

- É rosa clarinho, feito cor de pele.

- Certo. Mais alguma coisa?

- O nariz! Faz ele redondo, mas sem ser de porco. Porco é feio.

- Então tá. Aqui está a sua vaca.

- Obrigada, tio!

E a menina sapecou um beijo na bochecha do tio e foi mostrar pra chata da irmã, apenas dois anos mais velha, que vacas pára-quedistas existiam sim, tá?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Uma Tarde Muito Comum

Uma garotinha ia andando pela rua, ao longo de um parque, num dia ensolarado. Ela tinha três balões numa mão, um ursinho de pelúcia na outra, choviam flores do céu e borboletas brilhavam em seus arbustos.

Lagartinhas dançavam o Cancã no gramado verde-limão e girassóis lilases aplaudiam.
Os cogumelos, que cresciam em abundância no verão, tinham um lado azul e um vermelho e cada lado transportava para um canto diferente. Você poderia ir para Zion ou para o País das Maravilhas.

Alice ainda era muito nova para conhecer o país estranho. De qualquer modo, o Chapeleiro ainda não era maluco e o ratinho do bule ainda não sabia recitar o poema da estrelinha, então não teria tanta graça.

Ela soltou seus balões, que foram esperá-la à sombra de uma árvore, e sentou-se para conversar com os homens-biscoito, muito confeitados com seus enfeites, que evitavam as poças de leite.
Um dos homens-biscoito colheu algumas das minúsculas flores que choviam e deu para o ursinho de Alice.

Aviões chamaram a atenção deles. Eram as vacas pára-quedistas, que realizariam piruetas no céu rosado do meio da tarde.

Quando elas começaram a cuspir fogos de artifício, como num show pirotécnico, eu acordei. Até para mim loucura tem limite.

Vacas

Recebi esse site por scrap no orkut de um amigo e mostrei pra outro no MSN. Ele achou divertido e tudo mais, mas não entendeu o real perigo da situação.

Resolvi instituir o Fim-de-Semana das Vacas, somente para abrir os olhos dessas criaturas desatentas.

Vocês que moram em bairros "civilizados" têm sorte, não precisam topar com essas criaturas quase todo dia. Se toparem... sorriam e façam cara de bonzinho. Garanta que elas o considerem um amigo. Nunca se sabe o que pode acontecer! =D

quinta-feira, novembro 09, 2006

Hoje eu vou apenas falar que por mais que o dia tenha sido cheio de acontecimentos nem um pouco planejados... o céu estava azul [eu amo céus azuis], o sol brilhou e as árvores estavam verdes...estou feliz porque tenho olhos que enxergam estas coisas.
Aquilo que era pra ter sido uma atividade jurídica se tornou um passeio com cheetos e cinema; não me arrependi. [talvez esta informação devesse ser secreta no momento]
Nem sempre as pessoas vão nos dar aquilo que esperamos...então, acho que é melhor não esperar né? "O que vier é lucro". ha!
Talvez o problema seja: projeto o que quero nos outros, mas- por que não- eu mesma fazer?? Eu mesma realizar o tal projeto? Eu mesma. [vou anotar isto e colar na minha geladeira]
Agora parece uma boa hora para me livrar da maldição do coelho de "wonderland"...e contar os tais 6 segredos...tudo caminhou para isto...hahahaha.
Eu espero demais.
Eu faço pouco.
Eu sou impaciente. [paradoxal isto, se comparado com o primeiro segredo]
Eu nunca estou satisfeita, sempre quero mais...bem mais.
Eu queria muitas vezes ficar presa num certo momento da minha vida.
E queria muitas vezes pular certos momentos. Mas Click [the film] comprova que pular momentos não dá em coisa boa.

As maldições??? Pra quem serão???
Vou poupar vocês, ok.

Ps. acho que estes escritos deveriam ter ficado no meu diário de debutante...

Finados 2006 - Parte II

E continuando a epopéia...

Segundo Aristóteles, toda grande epopéia deve ter um só argumento. O resto são episódios. Acho que a minha vida é uma série de episódios...

Segue a sexta-feira de manhã. Como qualquer pessoa em casa alheia, eu não consigo dormir até além das 8h. Não importa o quanto me esforce, não consigo. Talvez pelo meu sono leve, ou simplesmente pela idéia de estar na casa de alguém.

Na verdade, eu me acordei às 6:30h, às 7:10, às 7:50, às 8:10 e às 8:40. Daí eu cansei de tentar dormir e acordei Fernanda. Tomamos café (pãozinho do Hiperbompreço, me lembra a minha infância em Recife, de quando tínhamos dinheiro para fazer feira em hipermercados. Pão do Bompreço sempre me remete à infância. E mortadela da Turma da Mônica também), e então eu me lembrei que tinha estômago, e que ele estava um pouco enjoado. Depois fomos assistir TV, e tudo o que eu posso concluir é: ou os desenhos estão idiotas demais para crianças, ou as crianças estão emburrecendo a cada dia. Prefiro pensar que a primeira premissa é a verdadeira.

Daí tomei um banho, porque João Pessoa é, oficialmente, uma filial do inferno, e arrastei Fernanda comigo até a parada. Conversamos bobagens, e eu agradeci por estar de tênis, se não tinha afundado meu pé, minha calça e acho que até meu cérebro nas areias do Bessa. O ônibus não tardou a passar, nos despedimos e eu fiz ela assinar um contrato a sangue que ela me devia uma noite na minha casa. Tá, a parte do sangue era mentira, mas que ela me deve uma noitada regada a coca-cola, besteirol e outras coisas mais divertidas, ela me deve.

Desci na Epitácio, andei uns 600m que me pareceram 600km e passei na casa do meu namorado. Ele dormia um sono pesado, e eu confesso que invejo essa capacidade. Quem consegue dormir até meio-dia? -.- Falamos um pouco de besteira e ele foi me deixar em casa. Pelo menos não andei os 600km de volta à Epitácio! =D

Ok, chego em casa, não como nada, tomo um banho e caio na cama, para ficar pelo menos decente quando o meu namorado/ noivo/ quase-esposo/ ou sei lá mais o quê chegasse. E eis que meu irmão mais novo abre a porta, dizendo que vai sair - o que, quase que obrigatoriamente, me faz sair também. Minha mãe não gosta que eu receba pessoas do sexo masculino quando ela não está em casa, e como eu não sou lésbica, isso inclui meu consorte. Dirigi-lhe um gesto obsceno e fui desenhar, porque afinal, eu não ia conseguir dormir mesmo.

Cheguei no shopping com uma hora de atraso, graças ao meu amado irmão. Andamos um pouco, conversamos muita besteira, andamos mais um pouco, conversamos ainda mais besteira, e liga um colega nosso, dizendo que vai estar passando lá para nos levar ao Rockabillys (e uma das certezas da minha vida é que eu NUNCA vou aprender a escrever o nome dessa lanchonete). Bem, eu estava com pouca fome, mas topei. Não queria chegar em casa cedo mesmo.

A surpresa não foi esse colega se atrasar - foi ele chegar acompanhado do patrão. Nunca que eu ia ter a cara de pau de pedir ao meu patrão que ele fosse buscar meus amigos em qualquer lugar, mesmo que fosse caminho, e por mais simpático que ele fosse. Mas bem, acho que as minhas regras de etiqueta é que são inadequadas para o mundo moderno...

Fiquei lá, incrivelmente sem jeito, ouvindo eles falarem de notebooks, de clientes chatos, de lanchonetes, e de sei lá mais o quê. Estava cansada, as pernas doendo, e quase que dormi com o ar-condicionado do carro. Pelo menos o patrão dirigia infitamente melhor que o referido colega.

Fomos então para a casa dele, e eu, claro, quase que caio de cara no chão ao sair do carro. Normal, essas coisas sempre acontecem. Principalmente comigo. Encontro um outro amigo meu, de longa data, e sua respectiva namorada. Bem, eu ainda acho que a menina morre de ciúmes de mim, mas eu prefiro não pensar a respeito. Fomos muito educadas uma com a outra, com direito a dois beijinhos no rosto e tudo. Daí nos dirigimos à bendita lanchonete, e ainda hoje eu me surpreendo com a capacidade de que aqueles sanduíches têm que me deixarem empazinada. Chantageei uma carona até a Epitácio Pessoa e cheguei em casa relativamente rápido.

Tomei um banho, liguei o computador, chequei e-mail, entrei no MSN (um dos meus vícios) e ainda lezei um pouco. Depois, meu destino era um tanto óbvio: mergulhei nos braços de Morpheu e dormi que nem pedra.

O sábado foi um tédio, fiquei em casa estudando o tempo todo. Mas o domingo contou com as minhas aventuras na praia do Poço, não percam. :P

terça-feira, novembro 07, 2006

Ria de Mim... Ok, você sabe o resto.

Escolhi o título de um livro de auto-ajuda para o post de hoje. Não que esse post vá fazer com que sua vida melhore substancialmente ou que você passe a enchergar a luz no fim do túnel, o sentido de tudo, o motivo pelo qual está só e quem é a Morte.

Acordei às 7h00 da manhã. Um horário definitivamente incomum para alguém que não tem atividades durante a manhã e pode ficar dormindo até a hora do almoço, mas o fato é que eu tinha algo para fazer. Ou assim eu pensava.

Segundo o calendário divulgado no site da UFPB, essa é minha semana de matrícula. Outros feras de jornalismo iam fazer a matrícula hoje, às 9h00, então combinamos todos de nos encontrar, certo? Certo, na frente da coordenação do curso.

Lá vou eu, não-feliz, porque tava morrendo de calor, não-alegre (sono) e não-saltitante (já viu alguém saltitar num ônibus?). Troquei de ônibus e desci na Federal, no ponto certo dessa vez (diferente de todas as outras, nas quais desci um ponto antes). Cheguei na calçada e... caí. isso mesmo. Tropecei no ar e me esborrachei no chão. Me levantei, me limpei, fiquei menos enraivecida por não ter rasgado a saia e fui embora.

Já no DECOM me toco que não sei de um fator muito importante para que minha matrícula seja realizada: onde fica a coordenação do meu curso. Perguntei na cantina. A mulher vira pra mim e diz:

- Sabe esse corredor por onde você veio?

-Hum.

- Você volta nele mesmo e vai até o fim, a coordenação fica no último bloco.

E lá vou eu, para o último bloco, que no caso era o primeiro. Pelo menos tem sombra. Cheguei na coordenação do DECOM e dei de cara com a coordenação do departamento de artes, que me informa que eu devo entrar no corredor à direita e ir até o fim. Chego no que acho que é o fim, na coordenação de comunicação-sei-lá-o-quê e descubro que há uma sala além dela, que é a minha coordenação.

Ufa! Até que enfim! E aí? Posso fazer minhapré-matrícula? Ah, a data tava errada, é? Erro de digitação? Sei... E a pré-matrícula mesmo é em dezembro? Ok. Não, eu não tenho nenhum curso que possa compensar as cadeiras pra adiantar os períodos aqui. Até dezembro então, ok?

Já que eu estava na UFPB, o negócio era passear. Encontre com duas amigas (e um amigo, mais tarde), descobri onde é a melhor cantina, qual o melhor lugar pra tirar xérox e que sei o caminho pra Praça da Alegria. Mas isso deve ser o básico pra qualquer um que passa no vestibular.

Cheguei em casa tranqüila e calma, achei o programa que eu procurava e, depois do almoço, fui encontrar um amigo meu. A pedido do meu pai, ia ver uns carros num feirão e como sei tanto de carros como de futebol, chamei esse meu amigo, que pelo menos entende do assunto.

Cheguei no lugar marcado 20 min atrasada. Sem problemas, afinal não era muito tempo. Logo que entrei, constatei que a criatura ainda não se encontrava lá, o que me redimia do meu atraso, ele passava a ser o atrasado.

Pedi um sorvete, pra espantar o calor enquanto esperava. Um belo sunday de chocolate com farofa de castanha em cima, sabe? Eu andava doida pra comer castanha, vê se eu ia deixar passar a chance! Pedi meu sorvete, paguei e estava levando a bandeja pra mesa, com todo o cuidado do mundo. Não sei quem foi que disse que sou tão tão delicada quanto um mamute numa loja de cristais, mas isso não vem ao caso. Eu não vou discutir, vou tentar não fazer um desastre muito grande. Coloquei a bandeja na mesa. Nenhum acidente até aqui. Me sentei, aliviada e... o sorvete caiu, derramando toda a minha castanha moída.

Bom, menos colesterol, menos gorduras, menos calorias no meu sorvete. Claro que a melhor parte dele - e a mais saudável - foi embora, mas o dia não estava de todo perdido. Estava?

Sem problemas com os carros. Chega respirei aliviada. Daí em diante eu apenas machuquei meu pé e cheguei atrasada na dança. Contei minha odisséia para as minhas colegas e uma delas ficou impressionada por eu estar contando tão calma, com tão bom humor.

Claro que eu estava calma, imagina se eu fosse me estressar de verdade por cada uma dessas pequenas coisas? Na hora em que vi que acordei com o pé esquerdo, respirei fundo, botei "Smile" pra tocar e continuei. Uma hora o dia acaba que eu sei!!!


* (Morte é do sexo masculino, na verdade. E é basicamente uma criatura ossuda com um capuz, mas só um mago pode dizer isso com certeza, afinal só eles tem o direito de que Morte os venha buscar pessoalmente. Dizem por aí, também, que Ele comprou uma moto, mas não posso garantir a veracidade do fato.)

** (O livro se chama "Ria de Mim Antes que eu Ria de Você". Há o vol. 2 também: "Ria de Mim Antes que eu Ria Mais de Você" [ou será "... Antes que Eu Ria de Você Novamente"?]. Viu que fantástico?)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Finados 2006 - Uma Odisséia em João Pessoa

Ainda bem que eu não vou a cemitérios em dia de Finados - pelo menos por enquanto. Se bem que esse fim de semana quase que eu ia - para o meu enterro. E sim, isso é uma hipérbole. Ah, não sabe o que é uma hipérbole? Olhe no dicionário.

Começamos com a quinta-feira, como todo bom feriadão. Na verdade, todos sabem que o bom feriadão começa na segunda à noite, e você emenda a semana inteira. Claro, o meu feriado começa e termina na internet. Isso que dá não ter vida social. Mas voltemos à quinta-feira.

Acordo cedo, faço algumas coisas em casa, estudo um pouco, leio o meu saudável Castelo Falkesntein (ah, também não sabe o que é? Procure no Google!) e vou ajeitar minha pequena mala: por milagres de todos os deuses do Olimpo, eu vou dormir fora de casa! Não, ainda não é na casa do meu namorado, mas espero que em breve seja na minha casa. Em todo o caso, fui dormir na casa de uma amiga.

Separo as roupas, pijama, calcinhas, escova de dentes nova... eu preciso de uma mala! E o que eu acho? Uma mala, preta, discreta. E rasgada! Ah, eu não ia deixar isso estragar o meu fim de semana! Só tem tu, vai tu mermo!

Separei uma quantidade de roupas suficiente para uma semana, praticamente. Nunca se sabe do que pode se precisar. E lá fui eu, para o famigerado Centro de Integração, "onde você vai a qualquer ponto da cidade pagando apenas uma passagem". Meu destino era o Bessa, do outro lado da cidade. Tudo bem, nada vai estragar o meu fim de semana. Certo?

Espero o ônibus por 30 minutos, levo mais 30 para chegar no maldito Integração, e 20 minutos esperando o outro ônibus. Meu destino inicial era a casa de um colega, iríamos jogar RPG. e à noite eu me dirigiria (na verdade iriam de dirigir, porque eu tenho a orientação espacial de um ornitorrinco tonto, gripado e com dor de cabeça) à casa da minha amiga. E bem, eu cheguei às 3h da tarde. Começamos a jogar às 5h. Imaginem o meu humor.

Passa-se a sessão (com muitos comentários maldosos, conversas inúteis, e acreditem: nunca mais comerei esfirra do mesmo jeito. Acho que nunca mais comerei mesmo), e vou-me (devidamente atrasada, porque eu nunca consigo chegar na hora em qualquer lugar, nem na minha aula) para a casa de Fernanda. Tomo um banho rápido, chegamos atrasados no suposto cinema, amigos estressados, puta dor nas costas e enjôo. Quem disse que ser menina tem muitas vantagens? Tudo bem, nada vai estragar meu fim de semana. Certo? CERTO?

Mas eu não posso reclamar. As esfirras (oh, God!), os biscoitos de chocolate, a coca-cola que me acordou do sono, o pão do hiperbompreço no dia seguinte... e a companhia da noite, claro. Foi uma noite adorável, querida. Temos que repetir a dose. E sim, isso foi feito para soar ambíguo.

Confira o resto no próximo post! Ou não, isso tá uma droga mesmo! =D

domingo, novembro 05, 2006

Abandono

O Membrana Seletiva é digno de pena, coitado!!! Faz o quê? Uma semana que ele está parado? O bichinho, já se sente abandonado.

Eu poderia salvá-lo e fazer o primeiro post de Novembro, mas com o quê? Uma das novas periédias do meu cachorro retardado? Hm... Infelizmente, ele não aprontou nenhuma. Infelizmente, não tenho mais nenhum animal para fazer peripécias que eu possa contar aqui.

Ontem eu ouvi uma pessoa contando uma série de cantadas ridículas, mas não lembro da metade. Não sou eu quem vai contar uma piada cujo final foi esquecido. Só vai dar raiva em quem tá lendo.

Eu poderia descobrir outra história ou mito para fazer leves modificações e transformar em algo engraçado e divertido, mas e a preguiça?

Poderia insistir que as outras participantes do blog escrevessem... Opa! Eu já faço isso! =D

Eu poderia aproveitar o abandono do blog e falar sobre esse tema. Falar de abandono e sentimentos abandonados, de sentimentos que se deveria abandonar, mas não se consegue. Poderia falar daquilo que não se deveria abandonar. Talvez de pessoas que abandonam os outros ou a si mesmos.

Poderia aproveitar e falar também sobre negligência. Poderia falar sobre a perda de si mesmo. Talvez sobre a perda do rumo, daquele pontinho no horizonte que nos orienta.

Domingo é um dia bem propício para falar sobre isso. Domingo é um dia praticamente abandonado, um dia onde nada se encaixa. Mas sinceramente? Não preciso tornar o domingo de ninguém mais melancólico do que já é.

domingo, outubro 29, 2006

Uma História Grega - Parte III

Menelau, claro, foi em busca de sua mulher. Convocou todos os reis gregos e deu-se início à Ilíada.

Os deuses se dividiram, uns pro lado de Tróia, outros pro lado da Grécia. Alguns, como Zeus, não tomaram partido. Hera e Atena, obviamente, ficaram do lado da Grécia, assim como Poseidon; ele tinha raiva dos troianos. Zeus o obrigou, junto com Apolo, a construir a muralha de Tróia e o rei de Tróia se recusou a pagar o que ele devia aos deuses. Apolo, ironicamente, ficou do lado dos troinanos. Afrodite também ficou do lado de Tróia e pediu queo mesmo fosse feito por seu filho. Psiquê não ficou muito feliz.

- Você realmente precisa ir, meu amor?

- Você sabe que sim.

- Quem vai ficar comigo durante esse tempo?

- Não vou me demorar muito. Sei que ainda não se recuperou dos trabalhos que minha mãe impôs para que continuássemos juntos.

- Me desculpe. Eu não quis quebrar as regras...

- Já está desculpada, mas a gente pode não tocar no assunto?

- Tá certo.

- Eu vou lá, bato o ponto, dou um beijo na minha mãe, um tchauzinho pros troianos e venho te fazer companhia, tá certo?

- É por isso que eu te amo!

Afrodite não gostou muito dessa atitude do filho, mas pelo menos ele aparecia quase todo dia. Além do mais, a guerra a empolgava.

No fim das contas, Tróia acabou derrotada. Helena, que casara com seu cunhado, Deífobo, entregou-o a Menelau quando Tróia caiu, sendo levada de volta para Esparta e perdoada. Ela viveu mais alguns anos com seu marido e seus filhos. Quando Menelau morreu, Nicostrato a expulsou de Esparta. Ele não gostou muito de ter sido abandonado por 10 anos.

Helena foi embora, morar com a rainha Polixo, uma de suas amigas, em Rodes Um belo dia, após o banho, Helena foi enforcada por uma serva. Essa serva vivia em Argos antigamente e morria de ódio da bela Helena, pois por causa dela seu marido havia morrido na guerra de Tróia. Algumas versões dizem que foi a própria rainha que matou Helena.

Claro que, sobre o fim de Helena, há milharem de versões diferentes. Algumas dizem que morreu junto com Menelau. Outras falam do seu enforcamento. Tem uma versão que conta que Helena se casou com Aquiles, após a morte de Menelau, e foi morar nas Ilhas Afortunadas.

sábado, outubro 28, 2006

Uma História Grega - Parte II

A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e Leda. Pra conquistar Leda, que era mulher do rei Tíndaro, Zeus se transformou num cisne. Ele a seduziu e Leda... botou dois ovos?!? É a história é assim mesmo. Desses ovos, nasceram Clitemnestra, Helena, Castor e Pólux. Tíndaro não era bobo e notou que Helena e Pólux eram filhos de Zeus. Ainda assim, quer honra maior do que criar os filhos de um deus? E ele os criou como se fossem sangue do seu sangue.

Claro que teve milhões de problemas com Helena. Ser a mulher mais bela do mundo não é nem um pouco fácil. Todo mundo queria se casar com ela. Claro que só reis e nobres foram pedir sua mão ao pai (Tíndaro, não Zeus). Dentre os muitos candidatos, Tíndaro anunciou que Menelau se casaria com Helena e que todos os outros deveriam se unir a ele e ajudá-lo, caso algo acontecesse com Helena. Velhinho sábio esse, acho que sabia que ter mulher bonita na família dava trabalho.

Tíndaro não fez muito além de juntar Helena e Menelau, provavelmente o estresse não fez bem ao seu coração, porque ele morreu sem ver a festa de casamento. Helena teve dois filhos com Menelau: Hermíone e Nicostrato.

Menelau, um dia, fez uma bela festa para todos os antígos pretendentes de Tróia e Páris foi. Não sei se de enxerido ou pra representar seu irmão, Heitor. Mas ele foi, Menelau o recebeu muito bem e Páris fugiu com sua esposa.

Páris achava que estava no seu direito, afinal ela lhe fora prometida por Afrodite. E foi Afrodite que ajeitou as coisas, com ajuda de seu filho, Eros. Senão Helena provavelmente não teria abandonado seus filhos. Eros não achou uma idéia tão boa.

- Tem certeza disso, mãe? Olha que a confusão vai ser grande.

- Que nada! Os gregos tem suas protetorazinhas, não têm?

- Mãe, olhe lá. Helena tá casada, tem seus filhos que ama, Páris não nasceu sob bons auspícios...

- Psiquê provavelmente não pensará o mesmo.

- Deixa Psiquê fora disso, mamãe!

- Ué! Posso mandá-la de volta pras irmãs invejosas! Ou amarrá-la num rochedo. Quem sabe uma bela constelação, para homenagear o amor que ela sente por você. Assim, pelo menos, ela será eterna.

- Tá, mãe. Quantas flechas você quer pra não afastar Psiquê de mim?

- Esse é meu filho lindo! Agora estamos nos entendendo!

E Eros fez seu trabalho, Helena se apaixonou por Páris e foi com ele pra Tróia.


*** continua ***

sexta-feira, outubro 27, 2006

Uma História Grega

Páris não conhecia os verdadeiros pais, porque uma profecia dizia que o menino seria uma derrota. Mas a história não começa com ele, começa com um banquete. Na verdade, começa antes do banquete, começa com Tétis.

Tétis era uma linda ninfa do mar e todos os deuses queriam ter algo com ela, inclusive Zeus e Poseidon. Acontece que Prometeu, aquele Titã que ensinou os humanos a fazerem fogo e foi amarrado no alto duma montanha com o fígado sendo comido dia após dia por uma ave de rapina; o fígado, naquela época, ainda não tinha essas habilidades de regeneração, mas Zeus fez com que tivesse, pra Prometeu continuar sofrendo. Isso foi muito útil quando inventaram a bebida alcóolica.

Mas acontece que Prometeu profetizou que o filho de Tétis seria maior que o próprio pai. Aí nenhum dos deuses quis ter nada com ela. Imagina: uma das poucas criaturas bonitas do mundo grego que Zeus não tocou!

Zeus chamou Poseidon num canto do Olimpo, pra ter uma conversa séria com ele a respeito de Tétis:

- Vem cá, meu irmão. Tu que é senhor dos domínios das águas, não tem ninguém por ali pra gente casar com Tétis? Ela é bonita, amável, não pode passar a vida assim, sozinha. E eu não sou muito fã de comer criancinhas, como nosso pai, não vou nem me arriscar a tê-la como amante.

- Ora, Zeus! Você já tem amantes demais! Depois, se não fosse a profecia, ela seria minha amante. Muito mais fácil pra nós dois, já que ela pertence ao reino das águas. Mas não tem ninguém que chegue aos pés dela. Quem sabe um semi-deus?

- Não, não. É perigoso demais. Vamos procurar um herói grego. É mais seguro pra gente e deve ter um que seja bom o suficiente pra ela.

- Ouvi dizer que aquele Peleu é o maior dos heróis da atualidade. Por que não ele?

- Boa idéia. Vou lá falar com Tétis, ela vai me ouvir. Organiza o casamento, tá certo? Ah! E não chama aquela Éris não! O mulherzinha encrenqueira!

- Nem se preocupe com isso, não quero ela contando a história da chuva de ouro pra Hera.

- Pô, Zeus! Deixa as pobres das princesas em paz!!!

- Ah, Poseidon, você sabe como é. Eu fico admirando aqui de cima, só olhando, aí o pai vai num oráculo que diz pra esconder a filha, ele esconde... e espera que aconteça o quê? Ninguém pode desafiar um deus poderoso como eu! Além do mais, o fruto proibido é o mais gostoso.

- E por que você não se apresenta à Tétis então?

- Tá pensando o quê? Eu ainda tenho juízo, rapá! E não me desafie nos meus domínios!

Poseidon foi embora, falar com Tétis e Hera chegou em Zeus toda desconfiada. Ele amainou sua descrença deixando a cargo dela a organização da festa. Mulher gosta dessas coisas!

Tétis casou com Peleu, a contragosto, e houve uma bela festa no Olimpo, com todos os deuses, deusas e divindades menores, porém não menos importantes. Só Éris não estava lá. Ela, furiosa, subiu ao Olimpo, invisível. O que eles pensavam? Que podiam negligenciá-la e tudo ficaria por isso mesmo? Ah! Mas não ia mesmo!

Éris fora ao jardim das Hespérides, enrolara as ninfas e pegara um pomo de ouro. Nele, gravou as palavras: "À mais bela" e jogou na mesa onde acontecia o banquele. O pomo rolou até uma das extremidades, onde estavam Zeus, Hera, Palas-Atena e Afrodite. Elas começaram a discutir entre si, sobre de quem deveria ser a maçã. Não chegando a conclusão alguma, se viraram para Zeus:

- E aí, pai? - começou Atena - A maçã vai pra quem? Pra mim, claro, sua filha, não é? Você bem sabe que sou a mais bela das deusas.

- Oras! Só porque ela saiu da sua cabeça acha que tem o direito ao pomo? Você deveria dá-lo a mim, sua esposa e mais bela deusa do Olimpo.

- Ah, Zeus... - falou sedutoramente Afrodite - Eu sou a mais bela das deusas. Quem seria, senão a deusa do amor? Você sabe disso, não sabe? - e piscou o olho para o poderoso deus, que nesse momento estava com a maior cara de pateta do mundo, pensando no que devia fazer.

Após olhar para as três, para sua bela filha, sua bela mulher e a bela e sedutora Afrodite, chegou a conclusão que não queria a fúria de nenhuma das três e resolveu que ia escolher um humano para resolver a disputa. Lá de cima, viu o Monte Ida, perto de tróia, e o jovem pastor Páris.

"É esse mesmo!"

Mandou as três deusas para lá, e ele que resolvesse. Hérmes guiou as três ao encontro de Páris, aparecendo para ele antes dela e explicando a situação. Ele, admirado com a aparição do deus, escutou atentamente e achou que tinha capacidade para escolher qual das três era a mais bela.

As três deusas apareceram na frente de Páris, cada uma na sua melhor forma (Afrodite, obviamente, nua) e cada uma fez uma oferta. Hera ofereceu riqueza e poder. Atena, habilidade militar e sabedoria. Afrodite ofereceu o amor da mais bela mulher do mundo.

Páris estava inebriado pela presença das deusas. Quando conseguiu se concentrar, pensou nas propostas, olhou pro pomo, olhou pras deusas, olhou pro pomo, olhou pra Afrodite. Ela era, claramente, a mais bela. E ainda estava oferecendo o amor da mulher mais bela do mundo. Entregou o pomo à Afrodite.

As outras duas deusas ficaram furiosas! Juraram se vingar e se tornaram inimigas de Tróia.

Já Afrodite, pronta pra tornar a vida do rapaz mais feliz, mandou que fosse para Tróia e participasse das competições da cidade. Lá, sua beleza e suas habilidades atléticas fizeram com que chamasse a atenção de Príamo e Hécuba, seus pais desconhecidos.

Quando estava grávida de Páris, Hécuba sonhou que dava à luz a uma tocha de onde surgiam várias serpentes. Isso foi tomado como um mal presságio. Príamo chamou uma criada e mandou que ela desse fim no menino, quando ele nasceu. A criada foi incapaz de matar um bebê tão bonitinho, guti-guti e fofinho, então abandonou-o na extremidade de uma floresta, aonde ele certamente seria devorado pelas feras locais. Acontece que um pastor viu o bebê abandonado e levou-o pra casa, onde cresceu forte e saudável, tornando-se também um pastor.

Ao verem Páris crescido, forte, belo e habilidoso, seus pais o chamaram ao palácio, reestabeleceram sua real identidade e o acolheram calorosamente. Provavelmente contaram alguma história pro pobre rapaz, pra ele não se sentir mal por ter sido abandonado.




*** continua ***

quinta-feira, outubro 26, 2006

Uma História Francesa

- Paris, a Ville Lumière, nem sempre se chamou Paris, você sabe. E nem sempre teve um apelido bonitinho.

- E se chama Paris por causa de Páris?

- Euh... não.

- Mas não tinha uma cidade francesa que era grega?

- E porque diabos os gregos dariam o nome de um troiano à uma cidade deles?!?

- Tem razão...

- Além do mais, era o que hoje é Marselha que pertencia aos gregos.

- Ah tá.

- E os romanos, quando conquistaram a Grécia, viram aquela cidadezinha, que se era dos gregos, agora era dos romanos. Então eles foram lá conhecer se novo território e aproveitaram pra subir até Paris.

- Que não era Paris.

- Não.

- E os romanos não deram esse nome por causa de Páris.

- Também não. Gosh! Você é irritante, não?

- Tá desculpa. Mas você também é!

- Aonde eu entro na história?

- Duas facetas da mesma mente perturbada; isso te diz algo? Ça te dirai?!?

- Nevermind. E não acho que se usa essa expressão com esse sentido.

- Sim, mas se os romanos não chamaram a cidade de Paris, como foi então?

- É o seguinte. Eles chegaram lá, se depararam com o Siena e com o povo que sobrevivia dele. E notaram que o Sena tomava praticamente a vila toda quando enchia. Quando ele secava, deixava tudo coberto de lama. Os romanos então olharam praquilo e, com sua criatividade genial, chamaram o lugar de Lutece.

- Que quer dizer?

- Lama, em latim.

- Ólhaê! A Cidade Luz era a Cidade Lama! Que bonito! E como ela virou Paris?

- Se você não me interrompesse tanto, já saberia.

- Desculpe.

- Obrigada. Os romanos foram embora, certo? Não responda. Eles se foram e largaram a Bretanha para os bretões. Aí parece que os francos chegaram. Ou eles já estavam lá? Não importa, a França se chama França por causa dos francos. E não me pergunte sobre os bretões.

A face meio doida da mente levanta a mãozinha. A face sábia e inteligente, porém chata, concede que faça uma pergunta.

- Mas só uma!!!

- Se a França era a Bretanha, a Grã-Bretanha era o quê?

- Era a Britânia. Ocupada por diferentes tribos celtas, uma tribo germânica que chegou lá e se misturou com eles, os romanos que chegaram e também foram embora e os hibérnicos, que vinham da Hibérnia, hoje conhecida como Irlanda.

- E Paris?

- Sim, Paris! Paris deixou de ser Lutece e virou Paris, oras.

- Por quê?

- Onde é que eu estava mesmo?

- Nos francos e bretões.

- Sim! Lembrei! Esqueça os bretões um pouco. Os francos acharam que Lutece não era um bom nome. Mesmo que fosse, não queriam manter um nome romano. Então foram buscar um nome no passado daquele projeto de país. Antes que os romanos chegassem por ali, havia a tribo que vivia do Sena, lembra? Pois é. Era uma tribo de pescadores que se chamava Parisi. Os francos então resolveram cortar o último "i" e voilá! C'est un beau nom pour la ville!

- En portugais, sil tu plait...

- Aí está um belo nome para a cidade.

- E Páris nada.

- Nada de Páris.

- Que inútil! Quer dizer que ele só serviu pra ir roubar Helena de Menelau, fazer o rei grego persegui-lo até Tróia, querendo cortar o "menelau" do ladrão fora e f**** com a vida do irmão, Heitor?

- Pois é. E ele nem conhecia o irmão.

- Não?!? Mas...

- Esqueça o filme. Outro dia eu conto a história.

domingo, outubro 22, 2006

Legendas

Eu sou completamente contra filme dublado. Acho que eles perdem metade da graça. Adoro ver um filme ouvindo o idioma original, as vozes originais dos atores e sem ver aquela coisa de falas desconexas: a boca se mexe e nenhum som sai ou o dublador ainda tá falando quando o personagem já fechou a boca.

Ver um filme no idioma original é ótimo pra se habituar com a língua, também. É um meio bem interessante de se estudar. Me sinto orgulhosa quando consigo ver um filme com o idioma original tanto no som quanto na legenda e consigo entender o que se passa. Sinto como se finalmente tivesse atingido um nível decente.

Legenda tem seus momentos engraçados e irritantes. Às vezes estou assistindo um filme ou seriado em inglês e na legenda aparece algo completamente diferente do que a criatura na telinha disse. Dependendo do que for, eu me acabo de rir.

No entanto, legendas brancas tem uma leve tendência a irritar. Não falo só por mim, tem um monte de gente que pensa isso. Você tá lá, bem tranqüilo no cinema, confiando na legenda porque o sistema de som é um lixo e vem aquele clarão enquanto um dos personagens conta uma história e como você estava concentrado na legenda, perde. A luz "come" o texto e você não ouve e fica perdidinho ali no meio. Ou então é a camisa de um personagem, a parede, o que for. Legenda branca só dá certo se tem um contorno preto. Mesmo assim, sou fã das legendas com texto amarelo.

Sei que não é todo mundo que tem Sky, mas aqueles que têm conhecem os canais Tele Cine. São legais, não? Vez por outra tô jogada na frente da tv, pulando de um canal pra outro (naqueles raros momentos em que não tem Padrinhos Mágicos em cato algum) e me deparo com um filme interessante. A salvação da tarde!

O Tele Cine Premium passa filmes mais recentes e tem um momento especial para internautas. Cyber Cinema se não me engano. Um dia parei pra assistir e... detestei. Sabe o que eles fazem? Legendam o filme com linguagem de internet. Nada de pontuação, acentuação ou palavras inteiras. Muitas vezes o texto se torna incompreensível.

Imagina, você tá assistindo Matrix - Reloaded, Neo chega na sala branca do arquiteto e você se depara com o seguinte:

" Eu sou o Arquiteto eu criei a matrx eu tava a sua espr vc tm mtas prgntas e embora o prcesso tnha altrado sua consciencia vc contnua irrevogavlmnt humano assim sndo algms d minhs resptas vc entendera e outrs naum em consonancia ainda q sua 1ª prgunta possa sr a + pertinente vc pod ou naum s dar conta d q ela eh tbm irrelevante"
(extraindo daqui)

Agora, imagine isso, na sala branca com as legendas brancas.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Eu disse!

Bem que eu falei, alguém ia cair no meu Teste!
Olhe só: a beringela é a palavra-chave que ocupa segundo lugar na lista de palavras que as pessoas usam pra "cair" no Membrana Seletiva. Pelo menos ela foi útil pra alguma coisa uma vez na vida!

Agora existem pessoas que caem nele procurando por maquiagem definitiva, fotos, documentários e... furúnculos?!?

Eu acho estranho que alguém queira saber sobre furúnculos e cachorros. Eu, particularmente, consultaria um veterinário. Se bem que a consulta é no Google... É, talvez tenha surgido algo interessante.

Bom... Esse é só um post enche-lingüiça, porque o blog está parado a muuuito tempo. Mais do que eu gostaria.


terça-feira, outubro 17, 2006

Cadê tu, Sono?!?

Eu sabia que dormir com o sol nascendo complicaria meu dia, mas não imaginava que afetaria o resto da semana. Afinal, é normal você sair num fim de semana, ficar na rua até a hora em que bem entender e dormir quando quiser, se o dia seguinte não for um dia útil. Como segunda-feira não é "útil" até as 3h da tarde (pelo menos a minha), não achei nada de anormal dormir com o dia claro.

Até que a segunda de noite chegou. À meia-noite eu estava cansada, com sono, imaginei que estava tudo normal. Apaguei as luzes e me troquei.

Deu fome e tinha um mundo de macarrão chinês me esperando na geladeira. Oras, por que não? Esquentei meu macarrão e fui pra sala.

Olha! Law & Order SVU! Só peguei o final quando passou de tarde! Bem que poderia assistir o começo... Hm. É, eu já vi o começo também. Será que tem algum filme bom passado? Tem a " A Lista de Schindler" no Emotion.

Ok. Acabou a "Lista de Schindler" e de repente não me sinto cansada. O que fazer? Não tem um filme exatamente bom passando. Nem clipe. Nem série. OMG! Só me resta deitar na cama e ver se consigo dormir.

Cama arrumada, ventilador ligado, eu coberta e música de Marisa Monte rodando na minha cabeça. Que porcaria! Vou pegar o cd, ouvir a música e ver se agora me aquieto.

Oh, damn! Não acho o cd certo. Mas esse aqui tem umas músicas legais. Hm... A trilha de "Pulp Fiction". Quem era que queria ouvir isso? Será que era eu e não lembro? Vou levar pro quarto também. Eita! O cd de Legião! Nem sabia que tava aqui na sala, achei que estivesse no carro do meu pai! Quer saber, esse cd é legal, vou ouvi-lo antes de dormir.

Quem disse que eu peguei no sono antes das 4h?

terça-feira, outubro 10, 2006

Cachorro Para Adoção

Doa-se um lindo cão schnauzer, porte médio, dois anos de idade, pêlo preto. Ok, ele está começando a ficar grisalho, mas isso dá um charme. Né não?

O animal é sociável, carinhoso, come ração sem problemas, mas adora uma bolachinha água-e-sal. Inclusive faz alguns truques por ela. Ele senta, fica em pé e pula.

Se deixado dentro de casa, ligue a tv no Animal Planet. Cuidado com o programa Vídeos Divertidos. Ele costuma tentar entrar no aparelho pra se juntar a outros cães inteligentes e alegres como ele.

Seu único problema é ser carente, ter tara por roupas íntimas e achar que é o dublê do Jackie Chan.

Caso se interesse, entre em contato! Qualquer um que adotar esse animal único e fascinante será muito... ham... hm... feliz!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Tem coisas que só um shopping faz por você.

Há pouco mais de um ano, acredito, estávamos eu, meu namorado, e uma amiga cujo nome não cabe citar aqui - por uma questão de ética, obviamente - andando num dos shoppings da cidade. Era uma tarde livre e desocupada, típica de primavera. Essa minha amiga buscava um presente para o seu respectivo namorado. Procuramos desde bottoms, camisas, brebotes genéricos, canetas... e vacas.

Vacas à parte, inclusa essa minha amiga, teve um episódio engraçado. Andando por uma lojinha de bobagens genéricas, havia um bonequinho (eu acho que era uma vaca, mas não tenho certeza) que fazia um barulho alto e indiscreto. Bem, as vendedoras da loja devem ter achado que fôssemos loucos, ou simplesmente três adolescentes felizes. Eu realmente espero que tenham pensado na segunda opção.

O mais legal foi depois, quando subíamos a escada rolante. Eu subi na frente - tenho a mania de andar rápido e não reparar nas coisas que me cercam - e o meu namorado logo atrás de mim - apalpando a minha bunda, como de costume. Quando chegamos no andar seguinte, a vaca da... perdão, a minha amiga estava rindo loucamente.

- Uma senhora ficou segurando o meu pulso, achando que eu era a netinha dela! Caramba, doeu! E ela ficou falando um monte de coisas, acredita?!

É, aquele foi um dia divertido. Se não me engano, eu cheguei até a derramar coca-cola e tudo. Mas não tenho certeza.

Flashbacks à parte, hoje estávamos nós, numa dessas (agora raras) tardes quentes de primavera, lezando no mesmo shopping. Depois dela ter cuspido uma pedra de gelo em mim - e ter errado, e de ter me feito andar no sol sem óculos escuros (o que me rendeu uma dor de cabeça que me incomoda até agora), fomos olhar uma loja de bijouterias. Colocamos anéis, tiramos anéis (no bom sentido, por favor) e do nada uma vendedora diz:

- Ah, qual a cor do teu cabelo?

A vaca... er, minha amiga ficou estupefata.

- Er... loiro...
- É, mas que loiro? É tão bonito...
- É natural...
- Ah, é? Ah, mulher, não pinta nunca não! É tão bonito assim! Nunca pintasse mesmo? Tão lindo...

Se fosse eu tinha dado um fora grosseiro na mulher. Coisas que nunca devem se perguntar a uma mulher: "Qual a cor da tinta do seu cabelo?"; "Você está grávida?"; ou pior: "Pra quando é o bebê?"

Mas a melhor tirada dessa minha amiga (que deve estar morrendo de rir agora) foi:

- Sábado de nove horas nós vamos à praia. Tá a fim?
- ¬¬
- Bem... não diga que eu não convidei. *sorriso cara de pau* É água de côco e carangueijo!